Drömma

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Drömma Dreaming Logger — Coleção de Sonhos — Sonhário
Moedas e ferrugem / EDW

Termino meu café. Este lugar não é pra mim. Gente chique, tem um piano. Quanto é, moça? Procuro as moedas no meu bolso. Tenho muitas. Quanto mesmo? Não consigo separar o dinheiro. As moedas estão enferrujadas. Muito. Não se pode ver o valor. É ferrugem, isso? A moça me ajuda. Ela é simpática. É loira. Não pensei que alguém fosse me tratar bem aqui, veja só. Como será que ela consegue saber de quanto é cadauma dessas moedas? Talvez pelo tamanho. Me admira que aceite. Converso um pouco com ela. Eu tenho que fazer alguma coisa em algum lugar. Melhor ir embora. Este lugar não é pra mim. A moça é simpática.
Cobra na caixa / EDW

Atravesso um corredor. Uma caixa na mão. Dentro dela: uma cobra. Amarela, pequena, sem veneno. Uma cobra mansa. Percebo a tampa meio aberta, ela quer sair. Tampo direito. Um instante de distração e ela começa a tentar sair de novo. Eu tampo mais uma vez. Ela não é assim tão pequena. Resolvo segurar a tampa com a mão. Ela faz pressão contra a tampa. Ela é forte, preciso segurar com força. Chego ao fim do corredor, uma sala. Ela é muito forte. Também não é tão inofensiva. Eu luto para manter a caixa fechada. Ela é venenosa. Veneno de morte. Não vai acontecer nada se eu conseguir evitar que a caixa se abra. Mas ela é muito forte. Penso se eu consigo alcançar a porta, quero largar a caixa e fugir. Eu não posso deixar a cobra escapar.
Cemitério RPG / EDW

Eu caminhava por um cemitério. As pessoas tinham decidido: melhor esquecer a vida real, lembrar só dos personagens de RPG. Os túmulos não tinham nomes ou fotos como os da carteira de identidade. No lugar eu encontrava espadas e lanças de plástico. Tudo de acordo com o personagem que cada um inventou no jogo.
O taxista e a mãe dele / EDW





Paramos na casa do taxista antes de seguir adiante. Era minha primeira corrida com ele. A mãe dele lavava roupa para fora e iria lavar a minha. Depois seguimos, o caminho era longo. Eu cheguei ao meu destino, fiz o que tinha que fazer e ele me esperou lá fora, não sei quanto tempo. No retorno, ele começou a dizer que queria ser meu amigo, que a gente devia sair junto e tal. Eu me fiz de desentendido, disse que, se precisasse, chamava ele de novo. Ele insistiu. Insistiu muito e até chorou. Depois fui encontrar a mãe dele na horta para acertar as contas. Ela disse que estava tudo pronto, a roupa e a comida. Eu não lembrava de ter pedido para ela cozinhar para mim, mas tudo bem. Ela apontou para um bosquezinho e disse que o caminho para a minha casa era por lá – pela “floresta”. Ela comentou que na floresta tem árvore, coelho, passarinho... Eu respondi: “se a Sra. fosse um psiquiatra, me perguntava se não é na floresta que vive o lobo”. Era uma piada, mas ela pareceu não entender.

Na casa dos outros / EDW

Estávamos na noite eu e uma amiga prostituta e grávida. Eu pensava se iria acabar me envolvendo com ela e considerava os inconvenientes. No fim da noite, já quase amanhecendo, ela sugeriu que nós invadíssemos a casa de um antigo professor meu, com quem eu nunca tive afinidade. Achei a idéia péssima, mas topei. Enquanto estávamos lá, comendo e bebendo as coisas dele, eu insistia para a gente ir embora, mas ela dizia que não dava nada. Já bem de manhã, o professor apareceu de roupão na cozinha e me pegou de sorriso amarelo, tentando apagar os vestígios da nossa presença. Ao invés de chamar a polícia, ele disse que eu era de casa, que aparecia quando queria. Eu não sabia que tinha toda aquela moral, e fiquei com vontade de dizer que ele era “um perfeito cavalheiro”. As visitas do professor começaram a chegar quando eu e a minha amiga puta e grávida saímos por uma estrada enlameada, num carro que eu tinha dificuldade de controlar.