em pé, em um cruzamento, o lugar era uma mistura de mato e cidade.
vou tentar ser mais específico: a esquina era parecida com a convergência das ruas teodoro sampaio e fradique coutinho, muito movimentadas e poluídas, com o ar ruim. a rua, porém, ao invés de asfalto, era preenchida por um rio, com um curso muito rápido, tal o rio mapocho, em santiago. um mendigo, também em pé, ao meu lado, disse-me "a água tem essa velocidade pois vem toda daquele prédio", e eu virei para vê-lo (o prédio), muito alto, pertencia ao unibanco (dizia o letreiro). "tem uns '300' andares", completou o índio (acho que o mendigo era um índio), "era do mappin, depois foi a editora abril, vão colocá-lo para alugar", e eu percebi que ele usava um terno azul e gravata, acho que agora era um banqueiro.
o sinal abriu, finalmente, e eu atravessei a rua (que era um rio), e fiz isso, aparentemente, pois a faixa de segurança era uma combinação de blocos de concreto, com uma fundação muito profunda, separados a um metro de distância. pulei de bloco em bloco, encharcando os pés.
do outro lado da rua encontrei uma fila de meninas, que abriam a boca para mim, uma a uma, mostrando a língua, onde na ponta havia sêmen. acho que era sêmen, pois depois parecia ser um selo. e elas tentavam me dizer o que era, falando com a boca aberta "aaahan, gaaan aaan han..." eu fingia entender, eu não entendia coisa alguma.