do ralo do banheiro saía um ruído igual ao barulho que faz o caminhão do lixo, quando passa na frente da minha casa (isso acontece todos os dias, sempre a uma da manhã). enfiei o meu braço lá dentro, descendo-o inteiro, até a altura do ombro. enquanto o fazia, a sensação era de que as paredes do encanamento do ralo eram de carne, o interior do buraco do ralo pulsava como um organismo em volta do meu braço, e eu o enfiei ali o máximo que pude, para trazer de volta um punhado de pelos e alguns arames.
devo ter machucado a carne em volta do ralo, trazendo estas coisas, pois sentia o chão ondular, embaixo de mim.
deixei o ralo sem tampa, por fim, tinha certeza que mais tarde teria vontade de enfiar o braço ali dentro, outra vez.