Drömma

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Drömma Dreaming Logger — Coleção de Sonhos — Sonhário
Outro mundo / SL

Sonhei que eu era uma rameira de alta classe. Mas isso era em outro mundo, e as coisas eram muito diferentes do que acontecem neste aqui. Não havia contato físico e nem exibicionismo. A casa para qual eu trabalhava, abrigava várias mulheres e meninas de todos os cantos possíveis. Nós morávamos lá, ranchos de supermercados eram feitos semanalmente para nossa alimentação, e sempre que estes ranchos eram feitos, enquanto eram descarregados e guardados no depósito, nenhuma das rameiras podia passar perto da cozinha. Era um mistério. Não havia apenas mulheres nesse lugar, mas também alguns homens que se prostituíam igualmente. Eu não tinha muitas amigas, mas em compensação eu e um destes homens estávamos ficando cada vez mais próximos. Nunca podia se deixar a casa aonde trabalhávamos e morávamos. Era uma regra. Um belo fim de tarde e eu e este rapaz fomos até a rua, sentar no braço de uma árvore que ficava exatamente na frente da casa. E então pude ver o mundo fora desta casa. Era uma rua tão movimentada e poluída visualmente como qualquer outra rua do Soho. Havia outras casas de prostituição, bares, restaurantes e afins. Tudo em grande classe. Muitas sinalizações em neon e pessoas de todos os tipos caminhando pela rua. Eu e este homem enquanto estávamos sentados na árvore (um galho bem longe do chão, por sinal), conversávamos sobre a possibilidade de uma vida longe daquilo tudo, pois embora fosse diferente de onde tivéssemos vindo, era cansativo tão quanto. Um clima de romance existia entre a gente, eu gostava da presença dele e sempre a procurava dentro da casa, mas a dona do prostíbulo, uma tirana, nunca deixava que eu falasse com ele por muito tempo, sempre interrompendo qualquer vínculo nosso que se formasse. Enquanto estávamos ainda na rua conversando, ela apareceu em uma espécie de sacada da casa e nos mandou entrar urgentemente, pois havia sido muito claro, desde o ínicio, que enfim não deveríamos sair da casa. Chegou a noite e os clientes começaram a chegar na casa. Havia um palco no meio de um pátio cheio de grama alta e cadeiras de plástico na frente desse palco. Uma música alta e perturbante tocava. Era um lugar simplório e nitidamente mal arrumado. Neste palco, havia uma mulher que dançava enquanto se masturbava com um vibrador. Um homem ao lado dela, fazia malabarismos com maçãs e ameixas. E no mesmo palco, havia um balanço, aonde uma mulher fantasiada de babá se balançava. Na frente do palco haviam algumas pessoas sentadas e observando tudo aquilo que acontecia de maneira caótica. Eram os clientes. Alguns vinham sozinhos, outros com amigos e outros com suas respectivas companheiras (os).

Em uma das tardes, eu e o Homem que era meu amigo, caminhávamos em uma rua muito parecida com a Vasco da Gama. E conversamos muito intensamente sobre um assunto que eu não lembro qual é. Nossas mãos estavam dadas. Nós sabíamos que éramos os únicos para nós mesmos. Estávamos indo a direção da casa. Sabíamos que íamos ser punidos por termos saídos juntos sem autorização prévia da nossa “chefa". Era um dia bonito com sol, coisa que até então eu nunca havia visto acontecer. Quando chegamos na casa nos separamos rapidamente. Depois dessa cena, algumas coisas aconteceram, mas eu não lembro exatamente. Lembro que antes do meu sonho acabar, um dia, na rua, uma cigana ou alguma dessas pessoas que "lê sorte" disse para eu não andar com moedas que isso iria prejudicar alguém. Sem dar muita bola fui embora. Uma das noites de trabalho, não sei dizer como, o filho pequeno da "chefe" havia engolido uma moeda e morrido. E todos sabiam que a moeda era minha, e de fato era, pois eu havia deixado em cima do sofá da sala. A mãe dele, minha chefa, fica muito chateada e eu com vontade de me matar. E ela disse "Pelo menos aconteceu com uma pessoa só, né? Em Londres houve um acidente com gás, milhares de pessoas morreram explodidos. Melhor que seja uma só do que várias". Eu fiquei apavorada com essa teoria descabida e subi correndo ao terraço da casa, meu amigo Homem estava lá, vestido de palhaço, pronto para entrar naquele palco. A noite estava cheia de estrelas e o terraço, de alguma forma ou outra, ficava mais próximo delas. Disse para ele o que havia acontecido e ele carinhosamente, colocou a mão dele no meu rosto e disse que precisava entrar em palco.