Estava na casa da minha avó, no sítio. A casa estava cheia, como sempre. De repente, víamos que nos fundos da casa havia um animal imenso e estranhíssimo. Era uma mistura de cachorro e cavalo branco, com uma espécie de crina verde fluorescente espetada para o alto. Todos saíamos às janelas e ficávamos encantadas com o bicho, que tinha um ar imponente e estava sentado calmamente enquanto nos observava. Esse fascínio, no entanto, se transformou em medo quando o animal começou a se mexer e a rondar a casa. Eu fiquei absolutamente desesperada e agarrei meu irmão, que devia ter uns 3 ou 4 anos. Tentei me esconder com ele numa espécie de despensa. Outra menininha de olhos verdes também ia pra lá. O esconderijo foi muito útil, porque de repente apareceu uma jaguatirica, que entrou na casa e aterrorizou os moradores. Depois do ataque da felina, que não deixou ninguém ferido, perdemos o medo do bicho mágico, que reapareceu num lindo séquito: havia bichos parecidos com ele e eles tinham as cores mais absurdas do universo: roxo, rosa, azul, verde fluorescente. Sempre com aquele porte respeitável de quem vinha de um reino do além. Fiquei com a impressão de que eram parentes dos unicórnios! No final do séquito vinham algumas pessoas, dentre elas, um casal de noivos. Era um casamento. Um casamento encantado, passando por aqueles sertões! Finalmente tive coragem de puxar conversa com eles, que pareciam intrigados conosco. Eles falavam francês, me diziam o nome de seu reino (não me lembro, deve ser alguma coisa da minha cabeça) e esclareceram que tinham origem na Bretanha. A casa voltava ao normal depois do cortejo, meu pai ia levar água na cabela até a casa ao lado. Acordei com uma sensação de paz maravilhosa.