Drömma

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Drömma Dreaming Logger — Coleção de Sonhos — Sonhário
Eu era um ponto de consciência / cauli

E finalmente estava naquele lugar sobre onde o meu irmão C tinha me contado.
No início eu tinha achado a ideia absurda, afinal o normal era ser um 'construtor'.

Um 'construtor' era o que eu era por muito tempo, algo me dava instruções, por pensamento, e então um bloco de matéria saía de mim. Algo como no Grande Colisor de Hádrons, quando as coisas se chocam, mas sem a agressividade. Algo meio quântico. Algo meio uma enzima que replica DNA. Só que com uma espécie de consciência, nesse ambiente todo branco e sem forma definida. As coisas tinham lógica. Alguém pensava algo, em uma ordem determinada, e daquilo (mim?) saía um próton, uma átomo, uma molécula, não sei qual o tamanho das coisas, ou o motivo daquilo. Só sei que o meu irmão, naquele lugar mas sem presença física, me falou desse universo que ele viu. Porque ali, na área de construção, era só trabalho feliz e eterno, era o que eu fazia, o meu motivo de existir era construir. Mas eu não entendi direito o que ele queria dizer, me parecia impossível um outro lugar tão diferente.

Eventualmente, então, pasmo, me peguei naquele lugar que meu irmão tinha me contado e não acreditei na vastidão e na beleza daquele lugar. Era como se voássemos quase que livremente em uma órbita rasa sobre um 'planeta', que não era um planeta de matéria comum, tinha uma cor alaranjada quente muito atraente. Era como uma colméia esférica gigante. Tinha vida própria. Existia um som, um zunido constante vindo do longe, mas eu não prestei atenção nisso, afinal agora eu tinha tridimensionalidade. Do outro lado, apenas uma imensidão preta, um vazio como um céu não estrelado. Eu não tinha exatamente tridimensionalidade, afinal eu e ele éramos dois pequenos halos de luz que podíamos nos mover livremente e nos comunicar 'telepaticamente'. Existia uma sensação parecida com a do outro ambiente, uma sensação de felicidade constante, de imensidão e de destino. Mas agora eu tinha como me mover.

Então eu explorei um pouco, olhei para todos os lados daquela pequena órbita, vi algumas coisas que não lembro, e então meu irmão me chamou (não pelo nome, eu não tinha nome), apontou (sem braços!) para o infinito preto e disse: "É de lá que você veio!".