percebi-me sentado à cama do meu quarto, no apartamento onde vivi a adolescência. iniciava a noite e eu reconhecia com dificuldade os objetos ao meu redor, pelo chão, no escuro. notei um vulto atravessar o corredor, em direção ao quarto dos meus pais. fui atrás.
deparei-me com minha tia vestida em uma blusa cacharrel, iluminada pela luz que vinha do banheiro. ela chorava e eu fiquei surpreso, afinal ela morrera há mais de dez anos. e foi só o que eu consegui falar:
"tia... quanto tempo...". "eu preciso de uma carona, para que me levem junto ao teu pai...", foi o que ela respondeu. e eu fiquei confuso, pois ele morrera há menos de uma semana. "eu mesma levo.", interceptou minha mãe, saindo do banheiro. e eu me dei conta que as chaves do carro estavam em minha mão.