Drömma

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Drömma Dreaming Logger — Coleção de Sonhos — Sonhário
O Sonho dos Gatos, das Árvores e do Macaco / caofurao

Sonho que estou em uma versão escura e decadente de meu próprio apartamento, que além de tudo está dividida em cômodos "errados". Sei que meus primos J. & A. estão hospedados na casa comigo. Não vejo A., mas sua voz grave parece ser ouvida ao longe em outro cômodo, talvez falando com alguém no telefone. Estou no mesmo cômodo que J., uma suíte, e J. se prepara para entrar no banho. J. observa que meu apartamrnto tem gatos demais. Autoritário e definitivo, digo que os gatos só saem dali quando morrerem, ou seu um dia eu comprar uma casa e me mudar do apartamento. Em seguida, noto que J. já está nu, fico atraído pelo seu corpo moreno sarado (que está molhado e reluzente, com água escorrendo pelos gomos abdominais e pingando do pênis mole, do saco e dos pelos pubianos; talvez ele estivesse isso sim é saindo do banho?), e pergunto se ele achou tudo de que precisava no meu computador. Ele diz que sim. Pergunto se ele achou a pasta de filmes, pois eu tinha muitos baixados que ele podia usar para se destrair. Ele disse que achou e que já deu uma olhada em todos. Lembro então de que existe uma pasta de pornô gay dentro da de filmes, e fico ao mesmo tempo um tanto sem jeito e um pouco orgulhoso de J. ter provavelmente descoberto minha orientação; agora as chances de rolar alguma brincadeira com ele talvez sejam um pouquinho maiores que zero.



A seguir, vejo-me em uma segunda parte completamente diferente do sonho. (Ou talvez seja um segundo sonho que começou logo depois do primeiro; interpretem como quiserem.) Estou em um grande jardim (talvez seja na verdade um pomar) com várias árvores crescendo em filas. Pelo jardim anda uma velha chorando, trajada em roupas cinza-claro. Sei que ela é um espírito, e chora porque morreu há pouco tempo. Em um canto do jardim, junto a uma das árvores, há uma segunda velha, de roupa rosa-bebê e um chapéu enfeitado com flores naturais da mesma cor. Ela parece cuidar de "sua" árvore sem notar a primeira velha. Então, chega uma terceira velha com ar preocupado, caminhando em direção à segunda. A Velha Rosa imediatamente a nota e se dispõe a ouvir o que ela tem a dizer. A Velha Preocupada cochicha algo ao ouvido da Velha Rosa. A Velha Rosa então caminha em direção à primeira, a Velha Cinza. A Rosa diz para a Cinza que tudo vai ficar bem, que não há o que temer e nem porque chorar. Então a Rosa coloca a Cinza junto a uma árvore, coloca uma coroa de flores sobre a cabeça da cinza, e declara: "essa agora é a *sua* árvore". Entendo no sonho que a Velha Rosa é uma deusa o espírito das árvores, e tem o poder de "encarnar" os espíritos dos mortos em árvores vivas. Sei também que a Velha Preocupada é uma pessoa viva, aparentemente uma médium capaz de se comunicar com essa deusa.



Ando para outra parte do jardim e encontro um macaco chorando num canto. Eu o percebo como um "macaco" no sonho, mas agora que estou acordado sei que era uma criatura incompreensível: parecia em sua cor e feições um aborígene australiano, com um rosto grosseiro e esquisito e longos dreadlocks marrons descendo pelas costas. Mas essa criatura é minúscula, menor que um babuíno, e tem um rabo coberto de pele humana morena, sem pelos. Além disso, ele veste roupinhas brancas. Pergunto ao macaco porque ele chora e ele diz que é porque tem de levar uma mensagem ruim para alguém. Me ofereço para levá-lo até essa pessoa, ele aceita e eu o carrego no colo, ele agachado sobre minhas mãos cruzadas na altura da barriga, voltado para frente de modo a ver por onde ando.



Chegamos a uma casa rica e linda ao lado do jardim, onde uma mulher bonita está agachada cuidando das plantas. O macaco tenta falar com ela do portão, mas ela faz uma cara feia e vai embora. Quando nos afastamos um pouco, o macaco diz, "seu eu me despir dessa falsidade de roupas, ela me ouvirá". No instante seguinte, o macaco está magicamente nu, e eu o levo de novo ao portão. A mulher está lá novamente, exatamente do mesmo jeito que a encontramos da primeira vez, como numa aberração do Tempo. O Macaco então diz (e dessa vez ela para e presta atenção) que tem uma mensagem muito importante mas muito triste de seu Senhor, da qual ela é mais que uma amante, é uma... e ela completa: "cortesã". No mesmo instante, ela desaparece no nada, e o Macaco salta de meu colo e vai para um canto no portão de outra casa. Pergunto ao Macaco se ele quer que eu o leve a outro lugar, e ele não só não responde como começa a urinar na minha direção; me afasto rápido mas alguns pingos ainda acertam minha perna. Ouço então uma ambulância, que descubro ter entrado na casa da mulher avisada, que está morta. Na compreensão interna ao sonho, entendo que de alguma forma a mulher tinha um relacionamento com a própria Morte, o Senhor do Macaco, que é seu arauto.



De volta ao grande jardim, vejo crianças - um menino e uma menina louros - brincando com um velho e um grande cachorro no grande gramado ao lado das árvores. A Velha Cinza continua junto à sua árvore, com sua coroa de flores, e continua chorando. Sinto que agora porém as lágrimas são um misto de tristeza e felicidade, pois as crianças são os netos da velha, e o velho é seu marido viúvo. Ela agora sabe que sempre vai estar junto deles, sempre vai vê-los, enquanto a árvore na qual ela se tornou viver. Uma outra deusa das árvores, desta vez uma senhora negra de com buço, arruma a coroa de flores da Velha Cinza.
Sonho cheio de gatos / caofurao

Sonho que estou no quarto de uma casa assistindo TV junto com outras pessoas. Estou sentado e minha gata Branquinha está no meu colo, e estou acariciando seu pelo super-branco. Então, noto falta de outro gato e pergunto para a mulher do meu lado: "Onde está a gata amarela-e-branca que vivia aqui?". A mulher responde: "Você não sabe? A Branquinha a matou!".



No mundo real a Branquinha é uma gata cheia de "mutações": albina, surda, obesa e que anda toda torta, meio aleijada, e não poderia matar ninguém. Mas no sonho não considero isso e saio desorientado do quarto, deixando a Branquinha por lá. Concluo que tenho de pedir ajuda aos mortos (?) e aí desço dois andares (o quarto era no segundo andar da casa) pela escada até o porão, que na verdade é um cemitério.



As paredes do porão são vermelhas, o chão é preto e as lápides são placas de pedra branca rente ao chão. (Curiosamente, essas são as cores de Omolu, o Senhor da Morte, o Orixá que controla a doença e a cura e vem buscar as almas dos mortos nas religiões afro-brasileiras.) Não sei quem está enterrado lá, e não leio o que está escrito nas lápides, e nenhum dos mortos embaixo delas se manifesta de qualquer maneira.



Subo um andar e então saio para a rua. A casa fica numa esquina e não tem jardim, a porta (que fica na quina da casa, entrando em diagonal) dá direto para a rua por meio de uma pequena escada. É uma encruzilhada de ruas de calçamento de pedra, com ladeiras em duas das quatro direções. As pedras estão molhadas como se tivesse chovido a pouco tempo.



Noto que exatamente no meio da encruzilhada estão dois gatinhos pretos, filhotes, muito novos - mal conseguem andar, escorregam e caem nas pedras molhadas o tempo todo. Fico com medo de um carro passar e esmagá-los, e vou lá e pego os gatinhos.



Noto que na outra esquina existe uma casa parecendo essas de subúrbio americano, com um gramado imenso na frente. O tempo está nublado, mas sobre essa casa o sol brilha. Pessoas louras estão tomando sol no jardim, sentadas em cadeiras brancas, rindo e conversando e olhando para alguma coisa na minha direção. Então vejo o que é: é uma ninhada de gatinhos, também muito novos, que está na beirada do jardim, quase na calçada. Todos esses gatinhos são amarelos, louros como as pessoas da casa, mas assumo que são irmãos dos gatinhos pretos que achei, e deixo os gatinhos pretos junto com eles.