Eu vivia em um campo de refugiados palestinos, uma vila cercada por muitos militares, no meio de uma paisagem desértica. Eu tinha uma filha, neném, com o cantor Otto. Eu fugia de alguma coisa e perambulava pelas ruas, sem dinheiro nenhum e com quatro véus para cobrir a cabeça. Comíamos restos de comida e não conseguia pensar no que seria meu futuro. Encontrei umas moças palestinas que me deram mais alguns véus, pois ter quatro, era pouco. Elas falaram que os véus protegeriam-me da relva. Um casal ofereceu casa e comida para nós. Ficamos lá, e o bebê, que vestia um macacão roxo e vermelho, tentou suicídio, se jogando na privada do banheiro. Otto foi socorrer a criança, que estava quase morrendo. Fomos num mercado e compramos uma cenoura, três grãos de bico e couve, que para nós era uma grande refeição. Minha filha já estava com quatro anos de idade, e usava a mesma roupa de quando era bebê. Otto me abandonou e fugiu em um jipe pelo deserto.