No lado direito da cama, onde estava eu e meu pai, ficavam vários abacates, cortados ao meio e colocados de frente para a parede em um suporte. Atrás dela ficavam plantas grandes, como chifres-de-veado. Do outro lado mais verduras.
Todos iam conversar com a Gab, que estava deitada. A sensação era que ela estava um pouco doente e deveria se cuidar melhor, mas ela encarava aquilo como algo terminal. De repente alguém esbarrou nos abacates da parede e eles começaram a cair. Estavam velhos.
Minha mãe, minhas tias e o Sr. José Belo começaram a limpar os vegetais novos que a Gab tinha comprado, para substituir os arranjos antigos. Um gostoso cheiro de aipo e salsinha tomou conta do quarto. Sentimos que aquilo faria bem à recuperação da Gab.
Enquanto isso meu pai, Eugênio, conversava comigo, olhando a cena. Ele me deu um beijo e sentiu um cheiro de maconha na minha barba. Eu tinha fumado antes da Gab ir ao médico. Eu não percebi, e continuei falando algo sobre o arroz. Ele disse: - Eu sei que tu gosta muito de arroz. Com um tom irônico. Eu entendi que eue tinha percebido o cheiro da maconha e comecei uma pequena discussão metafórica. Eu disse: - Gosto de arroz sim, faço uso de vez em quando, qual o problema? Ele disse: - Eu sei, eu sei. Irônico. Eu disse: - O que é que tu sabes? Tu achas que sabes. Nunca me perguntou nada a respeito. Ele viu que eu estava seguro dos meus argumentos e que poderíamos falar abertamente sobre o assunto, então baixou o tom inquisitivo e o sonho acabou.