Sonhei que estava com um grupo de amigos, viajando.
Entre eles o André (Dé), meu tio.
Alugamos um lugar para ficar que era um barco.
Éramos mais de 5 pessoas. Ficamos em camas improvisadas, na parte de cima do barco.
Esse barco / pousada era de um casal de velhinhos.
O Dé ficou no andar de baixo, onde havia um quarto mais arrumadinho.
Eu fiquei dormindo bem encostado na parede, no meio do corredor, na parte de cima.
Passamos algumas noites ali e a senhora, dona do barco, me disse que eu podia mudar de lugar e ir dormir num outro quarto lá embaixo.
Eu disse que não precisava, mas no meio da noite eu resolvi mudar e tentei chegar até o quarto com a luz do celular.
Abri a porta do quarto, que ficava ao lado do quarto onde estava o Dé.
Era um lugar bem bonitinho.
Ouvi um movimento e percebi um vulto na hora que entrei no quarto.
Não consegui acender a luz. Fiquei um pouco de medo.
Os vultos eram de duas pessoas.
Eu e o André.
Os vultos saíram por uma janela que dava para o mar.
Mergulhei atrás deles e vi dois homens.
Um maior do que o outro. Os dois muito fortes e saudáveis.
Entendi que aqueles dois homens eram eu e o Dé.
Nós éramos filhos daquele casal de velhinhos e estávamos desaparecidos.
A senhora percebeu que éramos os seus filhos perdidos e por isso quis que ficássemos bem confortáveis nos quartos.
Uma menina que devia ser parente nossa, que também morava lá, muito bonita, de ombros largos, também sabia da história e percebeu que éramos os filhos perdidos.
Chamei o André e entrei na água com ele. Expliquei toda a história e ele entendeu.
Ficamos nos perguntando como é que nós, a versão selvagem, tínhamos sobrevivido escondidos por todo esse tempo.
Chegamos a conclusão de que vivíamos do lado de fora do barco. Pendurados nas cordas. Nadando. Por isso éramos tão fortes.
E nos alimentávamos apensa de peixe cru, e por isso éramos saudáveis.
Foi estranho encontrar comigo mesmo. E eu pensei que isso fosse impossível.
Nossa versão escondida e selvagem do mar era muito mais bonita, forte e saudável.
Mas eram duas pessoas incógnitas, que sobreviveram apenas para sustentar as nossas vidas de pessoas normais.
A menina linda sabia que éramos os filhos perdidos.
Olhou pra mim com cumplicidade. Ela era linda e acho que era apaixonada pelos homens peixe escondidos que éramos enquanto estávamos perdidos.