Sonhei que , à noite, enquanto dormia, meu espírito deixava o corpo e eu saía pela janela de meu quarto, sobrevoava pouco a pouco o telhado do vizinho mais prózimo, depois subia mais alto, até deixar o bairro, a cidade, por fim, o país.
"Quero ver o Rui." - Pensei, mentalizando Portugal.
Senti o ar salgado do Atlântico, de quando em quando mergulhando na água escura e fria ( me deixavam nervosa aqueles breves mergulhos, parecia que ia me afogar )
Vi um grupo de três ou quatro baleias de espécie que não sei agora definir. Expeliam água para cima, e eu tive medo delas.
Também sobrevoei os navios. Eu acho que voava na diagonal, pois via tudo de lado.
Finalmente cheguei na Península Ibérica, avistava o continente de longe. Lá entrei no prédio onde o Rui Manuel morava na época, ele estava deitado na cama às onze da manhã, triste, deprimido, e eu sentia imensa pena dele. "Minha vida sentimental é um deserto", ele pensava, e eu podia ler seus pensamentos.