De um lado da rua havia um portão de uma casa. Um portão de ferro antigo.
Nele vivia uma velha e um cachorro rottweiler. Todos tinham medo do cachorro, ele tinha fama de ser feroz.
Eu passei por ali e fiquei vendo de longe o cachorro. Ele era velho e grande.
A velha resolveu sair e começou a abrir o portão.
Eu dizia: Não por favor, eu não queria molestar, só estava olhando.
Mas ela abriu o portão e soltou o cachorro normalmente.
As pessoas que estavam por perto, alguns amigos meus, já haviam saido correndo.
O cachorro não estava ferroz, estava normal.
Mesmo assim eu atravessei a rua e subi num muro alto.
Nisso veio o cachorro, deu um salto e "escalou" o muro e deu uma dentada no ar, na altura do meu braço, e voltou a cair no chão.
Aquele muro era fácil para ele subir. Eu comecei a fugir andando pelo muro e cheguei a uma parte mais larga do muro, onde estava a velha sentada. Eu parei um instante e vi que o cachorro vinha na minha direção.
O cachorro chegou e conversamos. Ele me disse que não aguentava mais que as pessoas tivessem medo dele. Que ele era triste assim. Eu disse: Eu te compreendo, tua fama te incomoda e faz com que tu sejas cada vez mais feroz, desculpa ter fugido de ti. Nos abraçamos e eu chorei.