Estava deitado, enrolado em cobertores, e senti beliscões nos braços, vi que quem me beliscava era DD, e achei esquisito - além da sensação desagradável de levar beliscos -, pois ele morrera há muito.
tarde da madrugada / en_drigo•
o clima todo era de desconfiança. entrei em um carro e TT e LH passaram pela janela, de mãos dadas. eu pensei que eles tinham deixado de namorar há uns dez anos. mas, de fato, pareciam mais jovens e TT usava um vestido florido. ambos se apoiaram na janela do carro e conversaram comigo. o carro estava em movimento, mas isso não os abalou. conversamos enquanto o cenário detrås deles mudou de uma cidade para uma praia. ‘acho que chegamos‘, palpitei, e estávamos em uma casa, com muitas aberturas e gente entrando e saindo. LH estava visivelmente perturbado e não ligava para ninguém. saí de perto e um galo cantou, o que me fez olhar para os lados, com a certeza de que eram três da tarde. TT sumiu e eu atravessei algumas portas atrás dela. não encontrava. saí por uma das portas, ganhei a rua e entrei em um carro e TT e LH passaram pela janela, de mãos dadas, ela usando óculos.
débito automatico / en_drigo•
Encontrei uma nota alta de dinheiro em minha barba. Decidi depositá-la no banco e enfrentei uma grande fila. A moça do caixa me informou que eu não precisava ter ido pessoalmente, que poderia ter feito o depósito pela internet, online mesmo, direto da barba.
antes da revolução / en_drigo•
o soalho de tábua corrida rangeu enquanto eu me aproximava da janela daquele salão vazio. da janela vinha uma luz que eu pensei ser da tarde. ZZ estava ao meu lado e parecia ser o dono do lugar. logo começou a dizer que, por causa da crise, mandou um monte de gente embora, umas doze pessoas, mas que eu ficasse esperto, que essa coisa de crise era mentira e tinha muita gente lucrando com isso. "dinheiro grosso", completou.
isso me chamou a atenção, pois ZZ não costumava mencionar dinheiro em seuas conversas.
passei um bom tempo observando uma multidão da janela. devíamos estar no terceiro andar. percebi um cavalheiro em terno, que manipulava distraidamente um teclado de computador no canto da sala. até então, não havia notado. "aquele ali... é o obama...?". ZZ respondeu que sim, tão distraído quanto o presidente dos EUA, aliás, ex-presidente. "ele renunciou, ou foi derrubado, sei lá. e tem pedido, todos os dias, pra conferir seus emails."
berne armagedômico / en_drigo•
eu olhei de cima a mangueira - ou curral, como dizem os brasileiros - e vi que os bois e vacas tinha berne. O estrago era feio pois os animais tinham buracos grandes nas paletas. Passei um bom momento observando o que acontecia em cada buraco. Em alguns, haviam ratos, que guardavam ali pimentões (vermelhos e amarelos). Em outros, larvas.
fiquei com um pouco de pena dos bichos, que pastavam distraídos.
O Elemento / en_drigo•
Sonhei que tive que fazer um teorema geométrico em uma folha de papel. Bastava, simples assim, que o elemento fosse deslocado, para então gerar seus descendentes. O elemento deveria ter um nome e o chamaram de caos, representado pela letra c, que fora escrita dentro do próprio elemento. Desenhei C dentro de um círculo (o círculo foi a forma escolhida para representar o elemento). O círculo com C dentro gerou descendentes, muitos círculozinhos com Czinhos dentro e quando a página estava cheia eu não tinha tanta certeza se o teorema estava terminado.
a onda / en_drigo•
`a uma quadra da praia, vi uma onda que se erguia, gigantesca; "de uns 30 metros", ouvi de um senhor ao lado, pasmo. ouvi, também, a exaltação dos surfistas, "urrús" e "caracas". o mar chegou até onde eu estava, do outro lado da avenida. batia em minha cintura e os carros mais próximos da margem já estavam submersos. o mar trouxe com ele os surfistas, felicíssimos, que se abraçavam - fizeram até uma almôndega - e riam e gritavam de felicidade.
fosso falso / en_drigo•
segui minha gata por corredores de taboão, até ela meter-se em um buraco abaixo do batente da porta e desaparecer.
fui verificar o buraco donde havia se enfiado, mas não havia nada, o chão estava liso, como se fora fagocitada pelo soalho.
peleia / en_drigo•
em um ambiente branco, um labirinto de jogos eletrônicos, eu deixei sobre uma mesa um punhado de moedas (moedas de vinte reais). um sujeito chegou perto, muito ameaçador, provocando-me, acrescentando que tinha amigos na sala. eu tirei um molho de chaves do bolso, e pus uma chave entre cada dedo, com a ponta para fora, fazendo as vezes de garras. fui para cima dele e bati. e bati e bati. não havia sangue, mas eu sentia o meu braço cansado. sentia um cansaço pelo corpo inteiro, enquanto o meu braço descia sobre o sujeito, que deitava ao chão, encolhido. pensei nas moedas. pensei que deveria juntá-las e sair dali o quanto antes.
"uma beleza da noie passada" / en_drigo•
em uma varanda, eu me distraía com uma menininha loira, de olhos claros, não tinha dois anos de idade (mas com a fala muito fluente). ela brincava com uma piranha de cabelo e eu a perguntei o que achava de seu brinquedo. "é uma beleza da noite passada", respondeu-me distraída. olhei imediatamente para sua mãe, estupefato, e esta, escorada ao batente da porta, confirmou que a menina saía com essas, volta e meia. "uma beleza da noite passada", repeti em pensamento.
duas estações / en_drigo•
havia uma extensa faixa de areia, entre a casa e o mar, onde apinhavam-se um grupo de pessoas. dirigi-me à casa e juntei-me aos que estavam atirados por ali. em meio às conversas coletivas, estreitei algumas palavras com uma menina que, muito naturalmente, exibia um topless. nunca soube seu nome, mas acredito que conversamos por muito tempo, pois o sol mudou completamente sua posição. quando parecia escurecer, ela deitou sobre mim e beijamos.
gostei, mas tive imediatamente um senso de responsabilidade, visto que eu havia chegado a praia com B, que estava na outra ponta da faixa de areia, perto do mar, recolhendo os cacarecos praianos (canga, guarda-sol, menos os chinelos, que eu trazia comigo).
decidi tomar banho, em banheiros públicos, onde os chuveiros eram suspensos no mesmo lugar das redes, sacos de dormir e mochilas. me ocorreu se não era inoportuno deixar que tantos objetos se molhassem. ao terminar, ainda molhado, recolhi uma rede. R. apareceu e perguntou se eu havia gostado de sua amiga. a amiga estava atrás dela, como se esperasse uma resposta. já não estava de topless e eu tampouco sabia o seu nome. eu respondi que sim, que havia gostado dela, mas precisava guardar a rede e acabei saindo por outra porta. B. apareceu e perguntou por que eu conversava com tantas mulheres, se eu nunca iria mudar, se seria assim pro resto da vida. eu a ignorei e sugeri que fossemos embora dali.
no momento seguinte, eu estava em uma cidade (porto alegre? barcelona? acho que uma mistura das duas), durante o inverno. caminhava em uma avenida larga, com muitas pessoas na calçada. enxerguei, distantes, R. e sua amiga da praia, que não fazia mais topless foi estava frio e que eu nunca soube o nome, acompanhadas por outra amiga. olhavam-me e riam. então percebi que B. me alcançou, correndo, e permaneceu caminhando ao meu lado, e as meninas passaram por mim, parecendo muito desapontadas.
impressões / en_drigo•
em um papel de jornal vi o meu nome impresso, publicado. junto a ele havia uma lista de coisas que já havia feito - eu não conseguia lembrar de ter feito tanta coisa. virei o rosto e a vi, nua, de pernas abertas, ao meu lado, masturbando-se. ´eu poderia chupá-la´, pensei. e não consegui tirar os olhos de sua mão, de seus dedos. então percebi, ela estava depilada.
sadol! / en_drigo•
caminhei por um balneário, de grama muito verde e água muito marrom, muito suja. a paisagem era bonita, apesar da água ser um lixo. enquanto andava, talvez os falantes estivessem ligados, ouvia uma música pesada, industrial, monocórdica, onde a voz insistentemente repetia:'sadol! sadol!'
uma visita inusitada / en_drigo•
percebi-me sentado à cama do meu quarto, no apartamento onde vivi a adolescência. iniciava a noite e eu reconhecia com dificuldade os objetos ao meu redor, pelo chão, no escuro. notei um vulto atravessar o corredor, em direção ao quarto dos meus pais. fui atrás.
deparei-me com minha tia vestida em uma blusa cacharrel, iluminada pela luz que vinha do banheiro. ela chorava e eu fiquei surpreso, afinal ela morrera há mais de dez anos. e foi só o que eu consegui falar:
"tia... quanto tempo...". "eu preciso de uma carona, para que me levem junto ao teu pai...", foi o que ela respondeu. e eu fiquei confuso, pois ele morrera há menos de uma semana. "eu mesma levo.", interceptou minha mãe, saindo do banheiro. e eu me dei conta que as chaves do carro estavam em minha mão.
cartum animado / en_drigo•
era como se eu lesse um cartum.
no pátio da escola, o menino era apaixonado pela menina e sentia vontade de dizer a ela que seu amor crescia como se fossem sementes.
de pronto, serviu de chacota a todos os colegas, que riram muito e o menino diminuiu.
a hora do recreio acabou e todos foram chamados a sentar fora da sala de aula, encostados na parede. o menino, hostilizado pelos colegas - afinal, nutria sentimentos tal qual sementes - não encontrou lugar pra sentar, a nao ser um, muito isolado.
e menina sentou perto do menino. e no meio da aula - aula esta ao ar livre -, enquanto o sol se punha, ela tratou ele com muita naturalidade. olhava-o muito e sorria e eles ficaram assim, o resto da tarde, comunicando-se por sinais.
as fiandeiras / en_drigo•
entre árvores, aranhas fiavam, deixando um emaranhado de fios à sua volta. as aranhas, reluzentes - pareciam vestidas em látex - sepultavam insetos entre seus fios.
mas não só as aranhas fiavam. também os escorpiões, muito habilidosos, assim como os besouros, todos fiando sem parar, fios de tudo quanto é cor.
na cama com madona / en_drigo•
fiquei impressionado com um clipe da madonna pois ela, explicitamente, sugava um pau sem a menor cerimônia.
fiquei pensando se era permitida a transmissão de uma cena assim em tv aberta.
a minha consternação foi ainda maior quando a madonna colocou sua filha para chupar o mesmo pau.
estávamos todos assustados, pois recebíamos imagens - imagens em movimento - do assassinato do crocodilo. não sei exatamente qual o veículo que dispunhamos para assistir as imagens, mas víamos o sofrimento do bicho, causando grande consternação.
tratava-se de um pequeno crocodilo, um crocodilinho, que tinha o mesmo tamanho de um filhote de gato. estava envolto em um saco plástico e não podia respirar. tentava andar, mesmo dentro do saco, mas completamente sem norte. movia-se por um deserto.
todos que assistiam 'a cena estavam chocados com a crueldade a que o animal foi exposto. mas havia um clima ainda pior. caso o crocodilo morresse, sabia-se, por algum motivo, que sua morte desestabilizaria a todos que o estavam assistindo morrer
um dia no trabalho / en_drigo•
eu estava em reunião e, quando saí da sala, percebi que todas as pessoas do andar - o andar onde eu trabalhava - estava se movimentando pra ir embora.
'parece o dia do pcc' , pensei, lembrando o dia em que todos saíram mais cedo.
não era possível ver nada através das vidraças que circundavam o andar, pois havia um grande temporal. tudo era branco. as vezes, podia-se ver um silueta cinza, de algum prédio, que logo se perdia no branco outra vez. ouvia-se o vento, também. ouvia-se uma ventania violenta.
as pessoas, antes de ir embora, presumo eu, reuniram-se as voltas com o presidente da empresa, para ouvir suas palavras. escorei-me em um pilar e percebi Fulana se mexer em seu lugar. eu sempre desconfiei que ela me olhava, durante os tediosos dias de trabalho. pois Fulana se moveu até aparecer em meu campo de visão. e então, virou o rosto em minha direção e me olhou, definitivamente. foi quando eu e todos nos demos conta de que havia uma grande goteira sobre o presidente, e que já não podia mais falar, pois tinhamos a impressão de que o teto cederia e o andar inteiro seria invadido por água. o pânico foi geral, descambando em uma correria na direção dos elevadores.
na época do barrett / en_drigo•
em cima da mesa, o celular tocou e o toque era ´see emily play´.
atendi e perguntei ´quem é?´. ´acho que é pink floyd...´, respondeu a voz, do outro lado. eu concordei, claro, e disse que o floyd na época do barrett era muito melhor. a voz do outro lado respondeu que só conhecia another brick in the wall e eu desdenhei, repetindo que na época do barrett era muito melhor.
código na lousa / en_drigo•
entrei em uma sala onde demétri estava escrevendo um código php, em uma grande lousa branca. eu perguntei a ele onde havia um botão para que o código pudesse ser visto no navegador. ele não sabia e ficamos procurando o tal botão na lousa.
não encontramos e ele decidiu apagar o código, usando um simples apagador.
o peixe-escorpião / en_drigo•
pelo meu ângulo de visâo, eu parecia uma criança. ou poderia estar de joelhos. o fato era que eu estava pescando, na plataforma de atlântida, talvez criança, talvez de joelhos. eu estava particularmente infeliz no manuseio com os anzóis. um pescador vizinho fez as vezes de instrutor e me disse, aos gritos, que para pescar era necessário determinação, garra e raça! e, de fato, ao falar isso, ele pescou um peixão. (pensei comigo que, se fosse contar a alguém, achariam se tratar de uma grande mentira).
decidi seguir o conselho do instrutor e, com efeito, pesquei um golfinho. ele tratou de dizer que golfinhos não valiam e devolvemos o bicho ao mar.
por fim, pesquei um peixe muito estranho. as meninas ao redor, curiosas, ´acharam um amor, o lacinho no pescoço dele´. os pescadores disseram se tratar de um peixe-escorpião. o ´lacinho´, soube depois, era o filhote do peixe, que o havia estrangulado.
eu os pesquei já mortos, apressou-se em me falar o instrutor.
o pandeiro / en_drigo•
eu e mais uns dezesseis fomos chamados para fazer uma jam session em um bar. a mim, coube o pandeiro. fizemos uma passagem de som, tocando ´do you wanna dance´, em ritmo de samba. a versão animou os funcionários do bar.
um moleque, sem explicar o porquê, tirou o pandeiro de mim. `onde você vai com o meu pandeiro?`
´é que tem um figura na porta, que está com problemas com a polícia. ele pediu pra entrar com o pandeiro, pra dizer a eles que é músico.´
vergonha alheia própria / en_drigo•
em uma mesa, com várias pessoas, vi que eu estava sentado do outro lado, em diagonal a mim mesmo. todos falavam muito, mas percebi que eu mesmo, do outro lado, queria chamar a atenção com o que dizia, e tentava falar mais alto que os outros, gesticulando exageradamente. não gostei das coisas que eu - naquela figura à minha frente - estava dizendo. senti vergonha alheia. própria.
o papagaio / en_drigo•
saí, com mais duas pessoas, em um pátio largo e arborizado. olhei para a copa das árvores, muito altas. percebi, em um galho distante, um papagaio com as proporções de um tucano e com a cabeça amarela. aproximei-me da árvore onde ele estava e vi que algo caiu ao meu lado. pensei que fosse um cocô, depois um pedra, até entender se tratar de um ovo. uma das pessoas o pegou e disse ser um ovo de codorno. foi colocado em cima de uma mesa, já com o tamanho de um ovo de avestruz. toquei e a casca era mole, como se fosse uma membrana muito fina. partiu-se e dali saiu o filhote do papagaio de cabeça amarela. preocupei-me, pois pensei que o pássaro não iria viver. subitamente, ele abriu os olhos. e nesse momento ele me lembrou aquele boneco do programa da ana maria braga.
mini_capivaribe / en_drigo•
eu estava dentro de uma casa, onde o chao era muito arenoso e com um pouco de agua.
as pessoas circulavam pela casa deitadas, mergulhadas, escorregando por essa lama, so' com a cabeca, a partir do nariz, pra fora, como se fossem capivaras.
aznavour / en_drigo•
eu queria saber se a minha mãe conhecia o charles aznavour e comecei a procurar por discos dele.
encontrei uma pilha onde haviam vinis do tamanho de cds e ainda menores.
envolto em uma embalagem pirata típica - um cd e uma folha de papel 12 x 12 cm solta dentro de um plastico - havia um disco do aznavour.
na capa, ele aparecia cantando em um show, 'ao vivo em saint xxxx'. a foto era antiga e ele estava velho.
"bem que xcx disse que havia visto ele, e que ele estava um caco."
suporte técnico / en_drigo•
eu não tinha onde dormir e alguém arranjou pra mim um lugar, dentro de um banco.
aproveitei a madrugada para tirar dinheiro, mas as notas saíam da máquina xerocadas, em um papel péssimo.
*ninguém vai aceitar esse dinheiro!*, pensei eu, e com razão.
fui reclamar mas, obviamente, não havia ninguém.
lá pelas cinco da manhã - vi em um grande relógio que estava pendurado no saguão do prédio do banco - a agência encheu de gente. o auxiliar veio me dizer que o dinheiro havia saído daquele jeito pois eu o havia salvo no desktop e que tinha dado pau. se eu tivesse gravado tudo em uma pasta, dentro do hd, daria pra recuperar alguma coisa, mas agora nada mais poderia ser feito.
sistema unificado / en_drigo•
na tv, aparecia o extrato do meu fgts, como se fosse uma videorreportagem. o repórter, com voz em off, parabenizava o meu nome cada vez que citava uma empresa de grande porte. o extrato era muito detalhado e eu achei engraçado, pois não lembrava de ter trabalhado na IBM ou na Nestlé. no final, o tal repórter, em plano americano, afirmava com um sorriso muito entusiasmado no rosto, que todo o saldo do fgts poderia ser convertido em milhas do programa smiles.
super corda / en_drigo•
entrei pela porta da cozinha em uma festa onde todas as pessoas presentes estavam conectadas por uma corda.
a corda ziguezagueava pelo ambiente, ora muito tensionada, em algumas rodas particularmente agitadas, ora com uma folga grande possibilitando amontoar-se no chão. por mais que eu andasse pelo recinto, eu não encontrava um espaço hábil para prender-me à corda. para me distrair, tentei seguí-la até encontrar o seu fim.
ela terminava em passando pela fresta de baixo de uma porta fechada e esse fim me pareceu tão óbvio que me irritei e fiz o caminho de volta, agora decidido a encontrar o seu início.
O Homem Invisível / en_drigo•
O Homem-Invisível me encarregou de lutar contra ele. eu não sei muito bem como ele me disse isso, mas quando vi, lá estava eu, brigando com o Homem-Invisível. O filhadaputa, além de ser invisível, era muito rápido, e levei várias rasteiras e sopapos na cara. fiquei irritado com o Homem-Invisível, não era para menos. Os passantes paravam e assistiam, curiosos, a cena, pois deveria ser mesmo muito curioso ver uma pessoa lutando sozinha e apanhando.
percebi que a manha do Homem-Invisível era me atacar no lado oposto de onde eu olhava. sendo assim, consegui evitar alguns golpes, mas não todos.
minha última estratégia, depois de tomar muitas bordoadas do Homem-Invisível, foi atirar areia e água na direção dele - ou ao menos onde eu imaginava ser o lugar onde ele estivesse.
mas não tive sucesso. o Homem-Invisível já não estava a lutando comigo há temposaa e aos curiosos da rua só restou rir do ridículo.
multi-família / en_drigo•
uma menina ruiva, de cabelos curtinhos e de olhos verdes, que não tinha mais que um ano de idade, rondou-me até eu tentar pegá-la no colo. ela ficou tímida e virou-me as costas. cutuquei ela, ela riu e pulou no meu colo. me dei conta que era filha de um amigo meu que morava na espanha. ouvi a risada da mãe, e voltei-me a ela. percebi que a mãe era a esposa de um outro amigo meu, mas este morava no brasil. achei *muito louca* essa troca de casais e fiquei a imaginar quando havia rolado essa dança das cadeiras.
a mãe da menina - estávamos em uma festa ao ar livre - ficou me contando que estavam na festa a daniela cicarelli e seu novo namorado, e ela estava *louca pra saber as últimas novidades*.
cidadromma / en_drigo•
assistia tv e vi na tela a cara do dmtr. tomei um susto e fui levantar o volume pra ver o que diziam.
era um programa sobre inventores que estavam envolvidos com coisas bacanas.
o locutor dizia que o dmtr estava morando no interior da alemanha, em uma cidadezinha chamada dromma.
estranhei no ato, e pensei:*dromma nao era aquela paradinha na internet?*
perdido no sonho / en_drigo•
pela primeira vez, senti-me perdido em um sonho.
andei por uma rua totalmente desconhecida e no final dela era tudo escuro, como se no alguém tivesse apagado a luz.
assisti a um espancamento, na esquina desta mesma rua.
entrei em um prédio e lá estava bb, minha ex-namorada. ela disse-me que sempre foi a responsável por estarmos juntos, que eu era incapaz de fazer alguma coisa, que eu nunca quis nada com ela e que sempre coube a ela a iniciativa de reatar o namoro. chorou muito, soluçou e sossegou.
fui até a janela, acho que estava no oitavo andar, e percebi que estávamos em uma cidadezinha no interior da alemanha, com todas aquelas casinhas organizadas e com uma fina camada de gelo sobre o asfalto.
a festa da madeira / en_drigo•
eu participava da organização de uma festa, que prometia bombar. o local era uma casa de madeira, ampla, arejada, com o pé direito muito alto, localizada dentro de uma floresta com árvores enormes, muito altas, centenárias.
a volta de um grande salão, foram montados o bar e uma lojinha de cds e camisetas. bem no meio do mesmo salão, foi construído um banheiro em forma de labirinto e ali devia-se achar onde ficavam os sanitários masculinos e femininos.
eu achei muito louco ter um banheiro neste estilo, para uma festa e entrei pra ver do que se tratava. encontrei uma salinha com as paredes salpicadas de sangue e lá estava MCES, sentada e encolhida, justificando-se que havia recém feito um aborto de um relacionamento de oito anos atrás. *e como ficou tanto tempo aí dentro?*, foi a minha pergunta, mas para mim mesmo, pois fiquei um pouco constrangido de dizer isso a ela, neste momento tão delicado.
saí do pequeno wc-labirinto e percebi que a festa já estava cheia e eu não lembrava de ouvir toda esta gente chegando. um amigo de santa maria que há muito não vejo, o jacques, sugeriu que fizessem uma performance. enquanto a música rolasse no salão, um casal subiria ao segundo andar e simularia trepar, fazendo aquele barulho típico e ritmado que a cama faz no chão, incomodando quem está no andar de baixo.
e foi o que fizeram, mas o fizeram com tal intensidade que a casa inteira começou a ruir. corri pra fora e vi que as colunas principais estavam rompendo, até que finalmente a casa desabou inteira, derrubando muitas árvores da floresta, destruindo carros e casas ao redor.
fiquei muito impressionado em ver uma catástrofe desta natureza acontecendo diante dos meus olhos. logo, havia aquela correria usual de pessoas desesperadas, bombeiros, ambulâncias e carros de polícia.
aproximaram-se de mim a dona ruth cardoso - e eu a achei muito simpática - acompanhada de um homem baixinho, com um sotaque portoalegrense fortíssimo, que me dizia, com aquele jeito típico dos gaúchos de repetirem a mesma informação três vezes:*essa é a melhor crise, não tem! não tem! não tem! olha quanto madeira sobrou espalhada! podemos aproveitar para todos os caixões!*
campo diagonal / en_drigo•
o campo de futebol onde eu estava jogando era uma ladeira. o gol de um time ficava no lado de cima, o do outro no lado de baixo.
o meu time era o de cima e eu logo descobri as desvantagens dos dois lados.
o time de baixo cansava logo no ataque e nunca faziam gol.
o meu time despencava campo abaixo, passando os limites do campo, indo parar lá embaixo, onde não havia nada.
polígamo / en_drigo•
encontrei JB e ela me disse que voltara a ficar com o ex-marido.
depois, encontrei JA, que é minha ex e atual do ex-marido de JB.
ela me disse, também, que agora apenas ficava com o tal marido, D.
eu disse a ela que conhecia mais uma menina que também ficava com ele, atualmente.
um senhor pediu-me que apostasse em um determinado cavalo.
o mesmo chegou em último e fui ao guichê perguntar o que havia acontecido.
*ah, sim! é que este cavalo está morto, mas como ainda tem espasmos, usam-no a correr com os vivos.*
perguntei, já um pouco irritado, o porquê de usarem um cavalo morto em corridas.
*pois é. insistem nele pois, ainda assim, ganha-se dinheiro com cavalo morto.*
churrasco e maconha / en_drigo•
em um churrasco de uma família - não a minha - deram-me um punhado de maconha, uma seda e uma palha para fechar um baseado. fiquei constrangido de fazer aquilo na frente dos velhinhos presentes e fui para uma sala contígua.
uma vovó flagrou confeccionando o cigarro de maconha e ficou ali, parada, olhando para mim. um tio que era a cara do milton neves apareceu e fechou ele mesmo um fino, com uma palha, deixando a seda de lado e um pacote de palhas sobressalente para um uso futuro.
saiu pitando o baseado com a vovó.
eu mesmo preocupei-me em esconder o kit inteiro no banheiro, antes de voltar ao churrasco.
non-stop crashing / en_drigo•
eu estava na sacada de uma casa onde os automóveis não paravam de colidir em sua esquina.
big brother / en_drigo•
o meu amigo hon-chi-min apareceu na TV fazendo um papel muito engraçado e eu nunca suspeitei que ele pudesse ser bom ator, sequer um ator, visto que sempre fora um canastrão, sob qualquer aspecto e com qualquer comportamento.
abri uma porta que ficava atrás do televisor, e entrei no camarim.
me aproximei dele e o elogiei e ele, muito blasé, comentou que essa era a técnica do stravinski, que uma namorada de porto alegre, da antiga, tinha lhe ensinado e que agora ele tava pleiteando uma vaga no big brother.
beira-rio em perdizes / en_drigo•
do alto de um prédio em perdizes eu podia ver o estádio do beira-rio, e me perguntava quando e como o tinham trazido pra sp. a torcida colorada estava enfurecida, os gritos que me chamaram a atenção.
o estádio era curioso, algo como aproveitamento total, pois além do campo normal, havia um campo menor, na diagonal, para juniores, como haviam me explicado.
quadrinhos / en_drigo•
entrei em um galpão enorme, onde junto a mim caminhavam o casal D. e J.
cada um deles trazia em uma das orelhas fones de ouvido, do mesmo walkman.
isso fazia deles inseparáveis, pensei, obviamente.
o galpão onde a gente estava era um sebo de revistas em quadrinhos, e ali tinham muitas que eu não fazia idéia quais eram.
achei uma edição grande do frank miller, intitulada * o ringue*, a qual eu nunca tinha ouvido falar.
o vendedor me pediu por ela 800 reai, porque era importada.
eu retruquei dizendo que a edição era em português, e ele insistiu, dizendo que era importada.
eu caminhava por uma praia feia e de vento forte, com o sol a oeste e o mar muito distante, à esquerda de quem vai ao norte;
pensei que se a praia do cassino fosse não no atlântico, mas no pacífico, ela seria assim.
ao meu lado vinha XL., amigável como jamais fora, agradecendo-me a camiseta que eu havia lhe dado de presente.
perguntei a ele se não havia ficado apertada e ele concordou, disse que havia pedido para sua mãe consertá-la.
eu disse a ele para cortar apenas a estampa e costurá-la em uma camiseta maior.
ele me olhava e ria, muito satisfeito, com uma cara que dizia *por que eu não pensei nisso antes?*
? / en_drigo•
encontrei um amigo antigo, que parece o frank zappa, em uma rua que virou uma duna.
depois de nos cumprimentarmos, ele desceu a duna rolando, daquele jeito típico que as pessoas costumam se atirar, pra virar um croquetão de areia.
eu respondi a ele, falando alto, *que a gente se via mais tarde*.
em cima dessa duna que tinha sido uma rua haviam vários móbiles.
porém, estes móbiles estavam pendurados em lugar nenhum, o seu fio simplesmente pendia, suspenso, sem nenhuma base acima.
prestei mais atenção neste móbile e a duna voltou a ser rua.
nesta hora, eu pensei que se tratava de um arranjo diferente pra festa junina e estranhei, estamos no meio do verão.
festa-cama / en_drigo•
a minha cama estava no meio de muita gente e fumaça; eu deitado, ali, ouvia aquele som alto. era uma festa, claro, mas eu estava dormindo. as pessoas da festa me derrubaram da cama e começaram a me chutar. levantei, ofendido, e mandei todos tomar no cu. dispersaram-se. a festa não deu nenhum sinal de que iria parar e eu voltei a deitar, só que sem conseguir dormir de novo. fiquei olhando aquele bando de gente, circulando por ali. volta e meia um grupo de pessoas vinha e sentava na borda da cama. ficavam ali, conversando. fiquei intrigado com o fato de que os copos daquelas pessoas estivesse vazio. decidi levantar, me vestir (tive que pedir para algumas pessoas se afastarem, pois minha calca estava pendurada atrás delas) e fui até o bar da festa.
perguntei o que tinha ali para beber e o que eu ouvi foi:*volte para a sua cama, você não foi convidado.*
desterro / en_drigo•
manuela estava sob um orelhão onde funcionava também um chuveiro e uma parada de ônibus.
este bem bolado da prefeitura ficava em um estrado a uns cinco metros de altura. eu subia e descia a escada que dava acesso a ele e manuela não percebia o meu movimento.
considerei que era ótimo que houvesse telefone e chuveiro, visto que ninguém poderia pegar um ônibus naquela altura.
o meu vai e vem em loop continuava e manuela, que usava um jeans justíssimo, não percebia a minha presença.
lembrei que ela estava fora do país, como iria perceber?
esse três em um municipal não poderia ser brasileiro. os brasileiros não têm o costume de ter pensamentos práticos acerca de inutilidades.
e era eu que não estava em país algum, mesmo sem entender o que diziam ao meu redor.
html tatuado / en_drigo•
a menina deitada ao meu lado, nua, de costas para mim, tinha algo tatuado perto da omoplata. cheguei perto para ver e reconheci ali um código em html. fiquei espantado por alguém tatuar uma coisa dessas e perguntei, - o que é isso?
- é um hot site!, disse-me ela, sem se virar pra mim. acho que lia.
fiquei ali, pasmo, olhando pra aquela tatu com o olhar perdido... ela percebeu e explicou que ali, porém, só estavam definidas as estruturas, tabelas, tds, essas coisas.
- percebe que para imagens eu deixei img=srch *.*, e no espaço dos textos deixei vazio, também? não especifiquei tampouco o height, nem o width, sabe por quê?
- por quê?, foi minha óbvia pergunta.
- porque assim eu tenho definidas só as estruturas que quero, mas estou aberta a imagens e textos de qualquer natureza. posso ser um hot site de qualquer coisa, estou aberta a qualquer experiência...
*que papo mais hippie*, pensei. e então transamos. ela se virou pra mim, tinha os cabelos muito lisos, ora loiros, ora castanhos, e abriu muito as pernas. os lábios da buceta dela eram amarelos, cintilantes e eu fiquei fascinado por aquilo, e eu desatei a lamber.htm
*o meu destino é ser star* / en_drigo•
andei por um pavilhão imenso, desses onde se jogam futebol de salão, sendo que nesse pavilhão em especial cabiam umas três quadras.
nos cantos do ginásio, havia mezaninos sustentados por arcos, ao estilo espanhol colonial. ziguezagueei pelos arcos até encontrar por ali uma mulher - minha mulher? uma futura mulher? não tinha como reconher -, deitada, sob alguns cobertores. pus-me embaixo das cobertas também.
quando percebi, estávamos ao ar livre, deitados sobre uma grama gelada - julguei ter dormido e acordado ali - e os dois cobertores já não eram suficientes, pois fazia muito frio. lutei contra as duas cobertas, pois tentava ordená-las, visto que nossos pés estavam descobertos.
- precisamos de mais agasalho, ela me disse e eu cobri a gente com o que estava a mão, um casaco de lá, uma prancha de snowboard e um ferrorama.
ela me disse, então, que cada um daqueles cobertores que usávamos tinha um nome, e esse nome seria o título de dois futuros discos meus. puxei, então, um terceiro cobertor, e ela disse que esse iria se chamava *no long boarder*.
levantei e fui ao banheiro e, no espelho, vi o rosto de um homem velho, olhando-me fixamente.
ignorei e espiei por cima da cara dele, tentando ver a minha própria, sem sucesso.
como ele continuava fitando-me, projetei o queixo pra frente, encarando-o, como se dissesse *o que foi?*
- me empreste dinheiro!, disse-me ele e percebi que a qualidade da sua voz era igual às dublagens *versão brasileira, álamo, são paulo.*
- então é dinheiro que você quer..., retruquei, dando-me conta que também a minha voz gozava da mesma qualidade, com sotaque da mooca e tudo. - veja lá o que você vai dize, pois amanhã publico tudo no dromma..., continuei.
- o que é dromma?, perguntou ele com aquela voz de bandido de faroeste.
- é um site onde as pessoas tornam públicos os seus sonhos. muitos lêem. se falar qualquer bobagem, amanhã mesmo publico isso e vão rir de você, estou avisando!
- o que é dromma?, insistiu o senhor.
- é uma palavra viking, sei lá... é das antigas..., e fiquei em silêncio, assim como ele.
- o que é dromma?, perguntou-me outra vez, com a mesmíssima expressão no rosto, e eu tive a impressão de que esta cena do espelho estava em loop.
- o drommaster diz que devemos deixar fluir a escrita e a memória do sonho, não se deve editar, premeditar, censurar, corrigir, apagar, ensaiar, sequer inventar; ele diz que não se pode analisar qualquer sonho, seu ou de outrem, sob hipótese alguma; por fim, ele disse que a manha é dormir bastante. e eu estou dormindo, agora, isto é um sonho, vou postar amanhã, já avisei!... ah! recomenda-se usar sempre o mesmo codinome.
- e qual é o seu?, perguntou-me o senhor, mudando repentinamente de pergunta.
- não drigo!, por que eu disse isso, afinal?
e o velho então sumiu da minha frente. *cagalhão, covarde!*, pensei, *não tem coragem pra postar, aposto*, e não vi o meu rosto no espelho. cogitei, será?, e se este não é o meu sonho, senão o de outra pessoa?
abri o armário do espelho, sem ver a minha imagem refletida, e pensei ter visto todos os remédios ali guardados com a marca *dromma*, cujo logo tinha o mesmo desenho da *sandoz*. mas eram *sandoz*, tenho certeza... não, era *dromma* mesmo...
colo / en_drigo•
no meu colo havia uma menina, acho que ainda não tinha dois anos. era morena, os cabelos pretos eram compridos, de olhos puxados, meio-índia. ria muito. por mais que ela andasse por outros colos, sempre a devolviam a mim. ela parecia ficar confortável comigo.
eu me sentia muito feliz segurando-a.
e senti, nesse sonho, uma sensação tão agradável, que jamais havia sentido.
cheguei a frente de uma parede toda branca, com um vão de onde saía uma escada ascendente, em espiral.
no quinto degrau havia uma janela e servia de entrada de luz.
cada degrau, feito de concreto, era encimado por uma cadeira.
ou melhor, a cadeira era o degrau. para subí-los, era necessário pisar de cadeira em cadeira.
a medida que subia, percebi que não se tratava de uma escada, mas de cadeiras ordenadas em espiral, de maçaranduba modeladas a enxó.
tive que dar passos largos, quanto mais alto subia.
tive vontade de descansar.
- mas essas cadeiras não devem servir pra descanso... , pensei.
os cistos / en_drigo•
senti em meu antebraço a presença de cistos. pareciam do tamanho de uma bola de pingue-pongue e pude contar, eram três.
tentei espremê-los tal uma erupção cutânea e essas bolas sebáceas foram saindo, uma a uma. estavam bastante calcificadas e fediam. conhece o cheiro do sebo? é muito ruim.
no meu braço, no lugar onde eles estavam, ficou um buraco. eu podia ver as camadas de gordura embaixo da minha pele. elas me lembravam o bacon que minha mãe comprava pra por no feijão. eu estranhei, pois não sentia dor alguma.
eu estava sentado na borda de uma banheira e ali mesmo deixei os cistos.
da porta do banheiro saía uma escada, que descia até a rua. fui até lá. era o meio do dia, estava muito claro e o porteiro que estava ali, vestido em branco, pediu-me dinheiro emprestado.
- acho que aí no teu braço dá pra esconder um caroço de abacate, comentou, indolente, o porteiro, e completou - não se pode confiar em você...
o processo / en_drigo•
subi uma escada larga, extensa, alta, íngreme, uma escada que estava ao ar livre, no meio do nada.
um sujeito que descia, um descedor, cumprimentou-me e disse ser esta escada do tamanho de uma arquibancada do maracanã.
- ah, tá!, pensei, - só faltou ele me dizer que lá em cima tem um diamante do tamanho do ritz .
mas não tinha. quando cheguei lá, senti-me no topo da pirâmide do sol e imaginei que a qualquer momento veria teotihuacán. mas não vi. andando naquele chão pedregoso, sob um céu muito luminoso, o que vi foi um sequencia de velhos rostos conhecidos, alinhados, esperando-me (pensei que era por mim que esperavam), em semi-círculo.
- putz, é o juizo final, disse para mim mesmo, - querem acertar as contas comigo...
fiquei tentando adivinhar o porquê dessa gente, que há muito eu não via, aparecer, assim, todos de uma vez...
enquanto conversavam, sentei-me onde pensei ser a cadeira dos réus, pra esperar o julgamento.
mas ninguém julgou, sequer dirigiam a palavra a mim.
saída / en_drigo•
todas as pessoas a minha volta esvaziavam as suas gavetas. isso eu também fazia. não conseguia imaginar porque tinha juntado tanto lixo. eu tratava de transferir as coisas que julgava sem utilidade para as gavetas dos outros. ninguém parecia perceber. uma secretária, muito agitada, apareceu distribuindo algumas caixas, para guardar aquilo que se tirava das gavetas, mas para mim essas caixas não serviam. quando cansei de revirar os meus arquivos, resolvi perguntar a um sujeito próximo o que acontecia.
- estamos indo embora.
- e tem alguma grávida aqui? - perguntei, para então gritar a todos - HÁ GRÁVIDAS NO LOCAL?
fora da ordem / en_drigo•
em uma subida, percebi que o carro falhava e necessitava reparos; pensei que fosse apenas a água, mas faltava gasolina, também.
quando finalmente cheguei no topo da rua, vi uma placa do posto Ipiranga, que se destacava, atrás dos telhados das casas. segui o caminho disponível - agora, uma descida - tentando encontrá-lo, em uma situação definitivamente tensa. tive que soltar o carro, à moda banguela, pois já estava sem nenhum combustível. eu não contava que o posto estivesse bem no meio de um parque, onde nenhum carro tinha acesso. praguejei, pensando em qual motivo, afinal, constroem um posto onde nenhum automóvel consegue chegar! tirei um pouco de dinheiro do bolso, notas amassadas e soltas, e por mais que eu tentasse organizá-lo, ordenando as carinhas, sempre aparecia uma nota no meio, fora da ordem.
flàs / èn_drigo•
a minha companhia era uma menina, a qual eu não conseguia identificar, volta e meia ela mudava de rosto. somado a isso, a claridade do quarto era escassa,as janelas estavam fechadas, apesar de ser de dia (entrava uma luz solar pelas frestas da veneziana).
isso me deixava bastante confuso, pois eu acabava dizendo um nome que não batia com a pessoa, causando constrangimento. de qualquer maneira, mesmo constrangido, o sexo entre eu e ela continuava.
virei ela de quatro e ela ficou com a barriga em cima de uma televisão.
- vai comer a minha bunda?, perguntou ela, e eu percebi que não tinha cogitado o assunto, mas que, afinal, era uma boa idéia, por que não?
de repente, aquela escuridão foi interrompida por um flash, que me cegou por um instante.
um frame ficou colado na minha retina, a imagem dela virada pra mim, com uma câmera digital na mão.
- pra que isso, peguntei, atônito. - é pra internet?
amistoso / en_drigo•
o evento era um jogo de futebol, uma seleção feita só de sul-americanos contra outro time, que eu não conseguia identificar. o gol era de propriedade de um goleiro argentino, cabeludo.
era de propriedade, pois ele e outros goleiros argentinos tomavam conta da grande área, entravam e saíam do campo o momento que bem entendiam.
era curioso, pois essa gangue de goleiros argentinos - todos cabeludos, pareciam os integrantes do poison - se comportava como se o jogo não estivesse acontecendo, faziam piadas, fumavam, lutavam, exibiam-se pra torcida. fiquei irritado com esse displante platino e me perguntava porque a bola não chegava na zaga nunca.
"claro", concluí afinal, "o ataque é brasileiro..."
cálculos / en_drigo•
tive que pegar um trem cujos vagões tinham o tamanho de uma casa de cerca de 200 m2. cada vagão distanciava-se do outro por mais ou menos 3 km. escolhi o primeiro, aquele logo após a locomotiva, mas que estava distante, visto que na estação, onde eu me encontrava, estava parado o sétimo vagão.
caminhei até lá pelos trilhos, que não passavam de trilhas de comuns pneus de borracha.
uma vez dentro do vagão, este amplo com janelões, e em movimento, via-se uma paisagem pampeana.
e o vagão era tal um galpão, vazio, sem bancos, onde todos viajavam em pé.
ao meu lado, fumando, ia o senhor que reconstitui as capas do tony hits. fumava muito. me explicou que com o brasa do cigarro cuidava do secamento da tinta e das colas que usava nos papéis-cartões de cada lp. disse também que a duração de um cigarro é o tempo que leva para secar uma cola, quando as condições climáticas eram ideais. acrescentou que estes cálculos ele fazia desde os anos 70.
o que eu via era um prado, verde e vasto, provavelmente dentro de um campus universitário. andei por este prado, por uma trilha de grama pisada, indo em direção à um grupo de pessoas, nos longes. na minha direção, uma turba nervosa trazia uma ovelha pelas patas que, ao passar por mim, vi tratar-se não de uma ovelha, mas de um cão dentro de uma pele de ovelha, com patas de ovelha, e pelas bordas da trilha, onde o meu olho focava, já não havia mais grama, mas lã, lã que se estendia, bastante branca, por todo este prado, que já não era mais prado, sei lá o que era...
escadas interrompidas / en_drigo•
a casa onde supostamente estava o meu quarto era de dois andares e todas as escadas, espalhadas pela casa, que levavam ao andar de cima - onde supostamente estava o meu quarto - estavam interrompidas com um espaço de um metro e meio de altura. do chão, não subiam mais do que três degraus, onde então começava este vão só continuado por degraus acima da minha cabeça. eu não conseguia me pendurar nestes degraus, muito menos subí-los.
encontrei jb no alto da escada, reparei que ela estava muito bonita, disse isso a ela, que então desceu até onde eu estava. eu estava com pressa, o carro tinha ficado ligado e eu não poderia ficar muito tempo ali. ela saiu comigo e, curiosamente, eu estava no pátio do prédio baggio, que ficava na conde de porto alegre, onde morava o meu amigo guilherme, na infância. era um pátio pequeno, mas cheio de carros - que não estavam ali, antes, eu tinha certeza - e eu não entendia como tantos carros poderiam passar por um portão tão pequeno, que era o da entrada (e não se tratava de uma entrada para carros, mas pessoas). eu me apressei para pegar o meu carro, mas o trânsito naquele espaço pequeno ficou tão louco que os carros passavam uns por cima dos outros.
e quando finalmente saí - sem saber ao certo como fiz - um dos automóveis estava para colidir no meu, dando buzinadas com uma buzina igual a buzina do chacrinha. mas aí era tarde, eu estava mesmo em uma bicicleta, usando rider, que escorregavam, e eu insistia em dar carona a jb, que não me dava bola.
dentro do dromma / en_drigo•
sonhei com algo impressionante, muito, muito louco, um sonho incrivel, tao interessante que eu nao poderia esquece-lo, porque eu deveria posta-lo no dromma, quando acordasse.
/ en_drigo•
na tv, aparecia o close da bunda de uma menina; era estranho, pois apesar de aparecer a linha que separa as nádegas muito nitidamente, via-se que a menina não tinha cu: uma pele lisa, no lugar dele, ficava ali escondida, entre cada uma das bandas da bunda.
sem cu, muito esquisito. ocorreu-me pensar como era o resto da menina. nesse momento, a câmera abre para um plano aberto e eu já não a vejo na tv e, sim, na minha frente. a menina não tinha cu, mesmo, e o resto do corpo era inchado, deformado, não era possivel ver as suas mãos tal o inchume e ela tinha os cabelos muito compridos, despenteados, usando-os sobre a cara, como se quisesse escondê-la.
cpi do didi / en_drigo•
o estranhamento, dentro do sonho, era tão grande e me dava a impressão de que eu estava fora do brasil - ou sei lá qual país em que eu estava - havia muitos anos. e como passara o tempo, aquilo que eu imaginava acontecido não havia acontecido de fato, mas de outra maneira. o zacarias não tinha morrido mas, parecia que insurgente, migrado para outro departamento da rede globo, tornando-se pupilo do chico anisio, fazendo as vezes do próprio zacarias, aluno do professor raimundo.
já o renato aragão figurava como candidato à presidência da república, mas como didi mocó pois - alguém me explicou - o nome renato aragão estava ligado a algum escândalo de ordem financeira, capa da revista carta capital.
macaco-aranha / en_drigo•
uma junta, talvez de médicos, ao passo que num momento seguinte parecia ser de curandeiros, todos em branco, fez um boneco vudu do meu gato preto, chamado Mao, com as proporções de um homem adulto. o protótipo parecia feito com retalhos de borrachas de câmaras de pneus, estava acomodado em uma cadeira, sendo estudado pela junta, que voltou-se a mim para um breve veredito:"o pêndulo acusa que o chacra da pélvis está desiquilibrado". eu assenti, completando:"deve ser porque eu não mandei castrá-lo ainda, ele é muito novo." Mao, o gato, surge correndo na sala onde eu e a junta estávamos, muito suado e com as proporções de um cão labrador. eu comecei a sibilar com a boca, chamando-o, como sempre faço, e quando ele chega perto, não se trata do gato Mao, mas de um macaco-aranha.
ococô / en_drigo•
plano, branco, infinito, e eu deitado nisso, era o meu colchão. muio grande. tão grande, que as pessoas começaram a circular (eu acho que já esperava por isso). e deitado ali, gente que não acabava mais, passando por cima, pelo lado, por todos os lados, uma multidão, e eu já com vontade de sair debaixo das cobertas.
até que alguém pisou na minha mão, eu enchi o saco e fui ao banheiro: dei uma mijada senão eterna, duradoura, do tipo que parecia não ter fim. quando fui dar a descarga, vi que ali sempre esteve um cocozão serpentinado, que se recusava a descer sanitário abaixo, lutando contra o redemoinho de águas.
e isso me preocupou. tinha uma fila na porta do banheiro e eu teria, inevitavelmente, que me responsabilizar por algo que não era meu.
nos canos / en_drigo•
do ralo do banheiro saía um ruído igual ao barulho que faz o caminhão do lixo, quando passa na frente da minha casa (isso acontece todos os dias, sempre a uma da manhã). enfiei o meu braço lá dentro, descendo-o inteiro, até a altura do ombro. enquanto o fazia, a sensação era de que as paredes do encanamento do ralo eram de carne, o interior do buraco do ralo pulsava como um organismo em volta do meu braço, e eu o enfiei ali o máximo que pude, para trazer de volta um punhado de pelos e alguns arames.
devo ter machucado a carne em volta do ralo, trazendo estas coisas, pois sentia o chão ondular, embaixo de mim.
deixei o ralo sem tampa, por fim, tinha certeza que mais tarde teria vontade de enfiar o braço ali dentro, outra vez.
revés / en_drigo•
marcio simch deixou comigo envelopes carimbados, onde no carimbo se lia "marcio simch".
imediatamente lembrei dos pacotes de cocaína comprados em um morro carioca, onde se lia "com mestre salú não tem miséria".
marcio simch deixou os seus envelopes carimbados com "marcio simch" sob minha responsabilidade, eu não poderia perdê-los.
os envelopes de marcio simch com "marcio simch" carimbados causavam muita curiosidade entre as pessoas, todas elas queriam ver o que tinha dentro dos envelopes "marcio simnch".
foi então que eu me dei conta que o carimbo no envelope dizia "marcio simnch" e não "marcio simch", como eu pensei ter lido.
tentei lembrar, sem sucesso, se eu não teria me enganado ao ler o carimbo "com mestre salú não tem miséria", talvez estivesse escrito, na verdade, "com sestre malú mão tem niséria". já não lembro se era um corro marioca, mas sarcio minch já não falava direito comigo ao lefetone, eu já não endentia soica almuga do que rascio minhsc me zidia.
a-ham / en_drigo•
em pé, em um cruzamento, o lugar era uma mistura de mato e cidade.
vou tentar ser mais específico: a esquina era parecida com a convergência das ruas teodoro sampaio e fradique coutinho, muito movimentadas e poluídas, com o ar ruim. a rua, porém, ao invés de asfalto, era preenchida por um rio, com um curso muito rápido, tal o rio mapocho, em santiago. um mendigo, também em pé, ao meu lado, disse-me "a água tem essa velocidade pois vem toda daquele prédio", e eu virei para vê-lo (o prédio), muito alto, pertencia ao unibanco (dizia o letreiro). "tem uns '300' andares", completou o índio (acho que o mendigo era um índio), "era do mappin, depois foi a editora abril, vão colocá-lo para alugar", e eu percebi que ele usava um terno azul e gravata, acho que agora era um banqueiro.
o sinal abriu, finalmente, e eu atravessei a rua (que era um rio), e fiz isso, aparentemente, pois a faixa de segurança era uma combinação de blocos de concreto, com uma fundação muito profunda, separados a um metro de distância. pulei de bloco em bloco, encharcando os pés.
do outro lado da rua encontrei uma fila de meninas, que abriam a boca para mim, uma a uma, mostrando a língua, onde na ponta havia sêmen. acho que era sêmen, pois depois parecia ser um selo. e elas tentavam me dizer o que era, falando com a boca aberta "aaahan, gaaan aaan han..." eu fingia entender, eu não entendia coisa alguma.
o brasil não treme / en_drigo•
fui embarcar no avião no mesmo dia em que o desastre natural - que alguém batizou de aponina - estava marcado para acontecer. estava assim, marcado, com data e hora, igual ao meu vôo, coincidindo com ele, também.
o vôo não aconteceu. as pessoas lotaram o aeroporto. ficaram por ali, jogadas, como desabrigados (embora nenhum aponina tenha atingido o aeroporto).
aí passaram-se dias, os desabrigados viraram uma comunidade, o aeroporto foi dividido em vários bairros (derrubaram uma parede pra entrar sol), e o tal avião, não decolava nunca.
eu fiquei aborrecido com esta situação, fiquei horas em uma cadeira e duas meninas tentaram, aos empurrões, sentar na minha perna. eu pedi a elas que esperassem, que eu tinha descolado uma almofada, mas elas ficaram em pé, a minha volta, perguntando se o brasil tremia (acho que se referiam a terremotos). eu respondia que não, eu queria saber o que desastre era aponina.
Universal Snooker / en_drigo•
a sensação era de incerteza ou desconfiança, mas alguns amigos cumprimentavam-se e falavam a respeito da matéria do jornal.como faziam toda segunda, eles se acomodavam a volta de uma mesa, no centro de um restaurante, que aos poucos virou uma cidade (ao invés de passar um garçom ao lado da mesa, começaram a circular motoqueiros).
a tal matéria saiu igual, em dois cadernos diferentes do jornal, o de polícia e o de ciência.
dizia a manchete:"Jogo de sinuca servia de fachada para buraco negro". os amigos, aparentemente, divertiam-se com isso, pois ao invés do jogo, poderia ser uma barraca na feira ou um estacionamento.
a telefonista / en_drigo•
eu corria com alguns amigos meus. todos eram negros. também eu era negro.
corremos por várias ruas, mas eu não tive certeza do porquê corrermos tanto.
por vezes, as ruas faziam uma curva descendente até ficarem totalmente verticais.
como não poderia deixar de ser, eu sempre caía quando acontecia isso, estatelando-me em alguma esquina para voltar a correr.
e no meio desta correria sem fim eu ligava para a telefonista, e prometia-lhe que íamos viajar em breve, que eu a levaria para conhecer a catedral de são paulo (que por coincidência era onde eu passava naquele exato momento). ela ria, do outro lado da linha, pedindo-me para esperar, quando tinha que realizar outras chamadas.
eu contei a ela que nunca mais tinha visto o mendigo sem pernas, que costumava mendigar em frente ao banco do brasil. hoje mesmo eu havia passado várias vezes por lá, sempre correndo, e no lugar dele havia uma obra. ali, pendurado, havia um cartaz "breve, aqui, o lugar do mendigo".
a telefonista / en_drigo•
eu corria com alguns amigos meus. todos eram negros. também eu era negro.
corremos por várias ruas, mas eu não tive certeza do porquê corrermos tanto.
por vezes, as ruas faziam uma curva descendente até ficarem totalmente verticais.
como não poderia deixar de ser, eu sempre caía quando acontecia isso, estatelando-me em alguma esquina para voltar a correr.
e no meio desta correria sem fim eu ligava para a telefonista, e prometia-lhe que íamos viajar em breve, que eu a levaria para conhecer a catedral de são paulo (que por coincidência era onde eu passava naquele exato momento). ela ria, do outro lado da linha, pedindo-me para esperar, quando tinha que realizar outras chamadas.
eu contei a ela que nunca mais tinha visto o mendigo sem pernas, que costumava mendigar em frente ao banco do brasil. hoje mesmo eu havia passado várias vezes por lá, sempre correndo, e no lugar dele havia uma obra. ali, pendurado, havia um cartaz "breve, aqui, o lugar do mendigo".
linguagem / en_drigo•
"que estupidez", eu pensei.
as pessoas, ao invés de falarem "é verdade", costumavam dizer "é vertigem".
reincidência / en_drigo•
ouvi na tv, enquanto o jornal mostrava imagens de desabrigados e miseráveis, a âncora falando da desvalorizacao da moeda durhum.
o jacão, porra! / en_drigo•
comecava eu em um aviao, pra encontrar uns amigos, um aviao de carga.
eu desci, e vi as rodas do aviao presas a um trilho. caminhei pelos trilhos e cheguei em uma estacao de trens deserta.
la, tinham dois carros estacionados. dentro de um deles, tinha o meu pai jovem, de cabelos e bigodes negros. no outro, dois amigos dele, do tempo em que eu era crianca. um deles, o seu werney, acho que ja esta' falecido.
como bom filho, acabei batendo em todas as janelas pra cumprimenta-los.
eu acabei entrando no carro do seu wernei, pois ele pediu. arrancou e foi embora, e eu fiquei preocupado, pois meu pai tinha ficado pra tras, sem sair de la', e nunca encontraria o caminho que fizemos.
o seu werney fala: "construiram aquela porcaria daquele aeroporto so' para fazerem este maldito filme. destruiram toda a minha plantacao de arroz..." ah sim, o seu werney era arrozeiro e diretor da massey -ferguson em santa maria. eu nao fazia ideia a qual filme ele se referia.
o carro dele pegou a direcao da cidade (estavamos em uma especie de deserto e eu via uma cidade se aproximando), e uns avioes (uns tres), passaram sobre nossas cabecas. ai' o seu werney exclamou"olha pra esses lacaios filhas das putas"
ele acabou me largando na tal cidade, na porta de um shopping, onde o interior dele revelou-se igual ao aeroporto de frankfurt, cheio de escadas e esteiras rolantes, escadas infinitas, maiores e menores, umas em formato de caracol, por onde eu subia e descia procurando a saida.
quando finalmente encontrei uma porta pra rua, sai' e procurei um taxi. um dos taxistas que abordei me disse "ah nao, por aqui so' se pode pegar taxi com o jacao..." "e quem e' esse?" perguntei eu, "o jacao, porra!", o cara retrucou.
caminhei por um monte de ruas (essas parecidas com as imediacoes da duque de caxias, em poa), ate' que consegui um taxi para me levar de volta a estacao de trens onde estava o meu pai jovem.
mas ao inves disso ele me largou na porta de um quarto onde eu entrei e vi tres mulheres (duas morenas bem gostosas), trepando com cinco criancas. todas pararam, quando me viram. estavam nuas.
e eu perguntei:"essas criancas sao filhas de voces?"
química / en_drigo•
havia uma fila para pegar o elevador e eu me instalei no último lugar. ao entrar no elevador, vi que os números dos botões não obedeciam a nenhuma ordem lógica: 2-5-7-12-27-33, etc. também não eram todos os botões que funcionavam. eu apertei no botão 7 e ele permaneceu apagado (uma luz deveria acender-se no botão, quando pressionado).
"ah, não", disse uma moça, "agora ele só vai aos andares (não lembro os andares que ela falou)... pra ir pro 7, tem que reprogramar o elevador", e prontamente travou o elevador, abriu sua porta, sacou do bolso uma agulha de limpar fogão, fuçou não sei onde e disse "pronto, agora ele vai".
o elevador subiu, e de um cubículo que era, passou a uma ampla sala com janelas, como se fosse um vagão de teleférico. transformou-se nisso, com muita naturalidade, até chegar no sétimo. desci em um departamento acadêmico. vi umas fotos em preto e branco do claudiao, pai do meu amigo guilherme, quando jovem. joão honório, em outra mesa, perguntou-me se eu havia sido mandado por aqueles caras da Super (acredito ser a Superinteressante). eu disse a ele que não, que eu sempre tive vontade de estudar química. ele e sua equipe riram.
sinal de chuva / en_drigo•
minha mãe veio me visitar no apartamento onde eu morei com ela na infância. pela parede, percebi, subiam escorpiões vermelhos e pretos. dentre eles havia um muito curioso, um escorpião azul com machas vermelhas, e então eu corri pela casa atrás de uma câmera para fotografá-lo. minha mãe perguntou por que fazer isso, e eu expliquei a ela que aqui em são paulo escorpiões dentro de casa não eram comuns, isso devia ser sinal de chuva.
salto geográfico / en_drigo•
hoje, por exemplo, eu sonhei que encontrava o mucio no largo do XV ( curitiba) e que ele ia descer a rua rio branco (que fica em santa maria), pois ia encontrar com uma amiga que estava chegando no porto de santos. acho que o porto de santos ficava na estacao ferroviaria de santa maria.
o telefone / en_drigo•
o telefone não parava de tocar e eu procurava por ele em um apartamento de três peças, depois de cinco peças, até se transformar em uma casa. o telefone seguia tocando, e eu o buscava fora desta casa, até encontrá0-lo sobre uma mesinha, embaixo de uma árvore. "alô", disse eu, e do outro lado da linha vinha o som do telefone que não parava de tocar.
largo espaço restrito / en_drigo•
estive em um fundo infinito branco, mas rugoso - percebia-se áspero na superfície, pois apesar de largo o espaço, branco, infindável, a sensação era de que eu andava em um corredor estreito, eu devia andar de lado. eu só conseguia andar em linha reta, tipo a peça torre, do xadrez.
dente da sorte / en_drigo•
a frente do espelho, os meus dentes da frente caíram, um a um.
sonho constante: enquanto enxergo um mundo aparentemente normal, `a direita do meu campo de visão percebo piscar o ícone do icq. "mensagem para mim?". intuitivamente, viro o meu rosto na direção do ícone, mas o foco do meu olho nunca o alcança. o ícone permanece, sempre, no canto inferior à direita do meu campo de visão. é impossível alcançá-lo, como é impossível morder a própria orelha. e assim segue, aquele ícone flutuante, um apêndice da minha visão, piscando, eu não posso focá-lo, não posso clicá-lo, sequer tocá-lo, é mensagem para mim?
ladeira infinita / en_drigo•
descia eu uma ladeira toda ladrilheira, ladeada por casas portuguesas coloniais; uma ladeira sem fim, durante um final de tarde imutável, com um por do sol estático ao pé da lomba. não escurecia e, a tal ladeira, não terminava. tive a sensação, por vezes e vezes, de um padrão de casas portuguesas repetindo-se, ora ao lado par da rua, ora ao ímpar, revezando-se. depois de horas de descida ininterrupta (acredito ter durado boa parte do meu sono, este sonho), cogitei não ser uma ladeira infinita, mas uma ladeira circular, onde descia-se sempre ao mesmo lugar para voltar a descer. a minha conclusão foi interrompida por uma igrejinha rococó, construída no meio da rua, cuja porta inevitavelmente colidi. e `a minha pancada, a porta abriu-se; e dentro dela, Alfred E. Newman (o garoto da capa da revista Mad) fazia as vezes de um homem banda, tocando bumbo, cimbals e flauta a um só tempo. a flauta, ele tocava com o nariz, pois a boca ostentava aquele imperturbável sorriso que lhe faltava um dente. olhei para cima e, na campana, badalava um sino, escurecendo o céu ao fundo.
noxta aber durhum #3 (anxto ihaar hramgan series) / en_drigo•
e mergulhado em terra o ressoar durhum soava algo distinto, era hramgan:"anxto hramgan... anxto hramgan..." e QUE diabo isso significava, afinal? era hramgan, lodo adentro, eu nadando, vendo pouco, ou nada vendo - em realidade, eu via algumas fendas dentre a lama. e das poucas fendas, ar; do ar, luz: uma luz diferente, que não parecia do dia, tampouco da noite.
noxta aber durhum #2 / en_drigo•
"noxta durhum... noxta durhum...", percebi, era o som das ondas da praia onde caminhava; e a praia, de areias movediças e mar arenoso, onde ondas de cascalho erguiam-se a nove metros do chão; e o chão, movia-se, movediço. a mim, só coube furar as ondas, essas de areia, de britas, durhum, durhum, noxta adentro, terra, enfim...
noxta aber durhum / en_drigo•
não era dia ou noite, o ar parecia luminoso salpicado de chumbo e groselha em pó... só poderia ser pó, mas a luz não era nem do dia, não era nem da noite, nem do crepúsculo, nem do sol a pino, era só luz de poeira e gorgonzola e o som, um som áspero que soprava:"noxta... noxta durhum..."