Drömma

aisling . dream . rêve . sogno . sonho . sueño . traum . śnić
Drömma Dreaming Logger — Coleção de Sonhos — Sonhário
o processo / en_drigo

subi uma escada larga, extensa, alta, íngreme, uma escada que estava ao ar livre, no meio do nada.

um sujeito que descia, um descedor, cumprimentou-me e disse ser esta escada do tamanho de uma arquibancada do maracanã.

- ah, tá!, pensei, - só faltou ele me dizer que lá em cima tem um diamante do tamanho do ritz .

mas não tinha. quando cheguei lá, senti-me no topo da pirâmide do sol e imaginei que a qualquer momento veria teotihuacán. mas não vi. andando naquele chão pedregoso, sob um céu muito luminoso, o que vi foi um sequencia de velhos rostos conhecidos, alinhados, esperando-me (pensei que era por mim que esperavam), em semi-círculo.

- putz, é o juizo final, disse para mim mesmo, - querem acertar as contas comigo...

fiquei tentando adivinhar o porquê dessa gente, que há muito eu não via, aparecer, assim, todos de uma vez...

enquanto conversavam, sentei-me onde pensei ser a cadeira dos réus, pra esperar o julgamento.

mas ninguém julgou, sequer dirigiam a palavra a mim.
boa leitura / li

fazia muito calor, eu estava deitada em uma imensa cama de casal coberta com uma colcha branca de crochê. Eu lia um livro, quando entrou um amigo e sentou ao meu lado. Ele perguntou que livro era aquele e eu comentei que esse sim ‘era o livro’, mostrei para ele que o exemplar não tinha capa, não tinha autor, nem título, nem números de páginas. Ele fez um carinho bom nos meus pés seguindo até as minhas costas, rimos e comentei que era a melhor leitura que se poderia fazer, dessa forma poderíamos entrar no texto de forma ‘pura’ e imparcial. Resolvemos fazer a leitura juntos, mas embaixo da colcha.
efe? afe? / pollilos

E ele me disse que diante das minhas provocações sentiu necessidade de de impor em relação a mim. E o fez tão bem feito, com os mais belos princípios de coerência, bom gosto e inteligência que além de eu o achar mais inteligente ainda, comecei a considerar que ele fizesse parte da minha vida, afetivamente.
saída / en_drigo

todas as pessoas a minha volta esvaziavam as suas gavetas. isso eu também fazia. não conseguia imaginar porque tinha juntado tanto lixo. eu tratava de transferir as coisas que julgava sem utilidade para as gavetas dos outros. ninguém parecia perceber. uma secretária, muito agitada, apareceu distribuindo algumas caixas, para guardar aquilo que se tirava das gavetas, mas para mim essas caixas não serviam. quando cansei de revirar os meus arquivos, resolvi perguntar a um sujeito próximo o que acontecia.

- estamos indo embora.

- e tem alguma grávida aqui? - perguntei, para então gritar a todos - HÁ GRÁVIDAS NO LOCAL?
londres / li

tinha acabado de chegar em londres, e me dei conta q eu não tinha lugar para ficar, nem conhecidos por lá. Já começava anoitecer e fiquei preocupada, pois tbm não tinha dinheiro. Entrei num albergue e a recepcionista começou a organizar minha mala, pois eu tinha ido para lá com tudo bagunçado. Chegou uma moça e disse que iria me ajudar a encontrar um local seguro para ficar, descemos por uma rua, que era a avenida Rio Branco de Santa Maria, chegamos em uma loja que vendia apenas cadeiras antigas. Ficamos perambulando pelo meio de todas aquelas cadeiras expostas até encontrar as donas da loja, que eram cinco lésbicas. Uma delas disse para eu ficar no seu apartamento, sem problemas. Chegando no prédio eu encontrei um rapaz que dizia ser meu atual namorado, ele me tratava muito bem, muito carinhoso, porém eu não conseguia ver o seu rosto, nem saber desde quando eu o namorava. Caminhamos por uma ponte entre morros e eu ia sentindo o quanto gostava dele, mesmo sem saber como era a sua fisionomia ou o que ele fazia da vida. De uma hora para outra eu estava completamente apaixonada e me sentindo burra por não saber como agir ou falar para ele. Paramos em um bar e ele comprou um picolé de brigadeiro para mim. Eu comecei a chorar pq eu percebi que era com ele que eu queria ficar. Enquanto isso, ele caminhava na minha frente e não dava mais tanta atenção para mim. Caminhando, eu via que Londres era uma cidade cheia de pontes velhas e pessoas feias.
Rebelião das Palavras / Lola

Estava teclando com um casal de amigos e eles me colocaram em mensagens de voz.Os dois começaram a brigar,meu amigo ficou muito agressivo e minha amiga chorava,e eu não queria escutar aquilo,senti como se estivesse invadindo a privacidade deles,então eu tentei teclar para que eles se acalmassem,pois eu não tinha microfone, mas de uma hora para outra meu teclado ficou em branco.Era muito agoniante procurar pelas letras com urgência e não as encontrar,como se elas se apagassem toda vez em que eu as precisasse.Era como ter os dedos mudos.
Matei meu pai / Flávia

Havia naquele cômodo apertado e mal iluminado uma espécie de criado-mudo ampliado ou escrivaninha, em cuja parte inferior existia um vão.Tal móvel ficava de frente para a porta de entrada, que ficava do lado de uma mesa baixinha e empoeirada.

Entrou meu pai acompanhado de minha irmã; minha mãe e eu já estávamos na sala.Ele tossia bastante e tinha uma aparência de doente.Falei qualquer coisa com ele e bati em suas costas...caiu no chão de bruços e todos, exceto eu, começaram a rir.Aproximei-me dele e notei uma razoável quantia de sangue escorrendo pelo chão.O sangue vinha do corpo de meu pai, cuja cabeça não era visível do meu ângulo devido à sua localização - no vão.

Achei estranho que apenas uma queda provocasse uma hemorragia tão grande.Olhei para minha irmã e mãe e elas riam ainda; fiquei em dúvida, mas forcei um riso e elas imediatamente pararam.Mais uma vez não entendi.

Olhei novamente para meu pai caído no chão, e passou pelo meu corpo um desagradável arrepio.Fechei os olhos em sinal de lamento e tentei me abaixar.Durante esse movimento abri os olhos e pude ver um movimento intenso de vultos de pessoas levando meu pai...procurei por pessoas conhecidas, mas não havia mais ninguém lá - ninguém além de estranhos.



-Pai?
eu, a visita / li

cheguei em sp e a L. foi me levar para sua casa. Estava amanhecendo e entramos em um ônibus q nos levaria até o seu bairro. Estava amanhecendo, algumas estrelas ainda no céu e muitas pessoas indo para o trabalho. O percurso era longo, atravessávamos muitos bairros pobres com muitos casebres à nossa volta. Já na casa dela, eu muito cansada queria deitar e dormir, mas tbm queria conversar com ela e rir. Fui conhecer a sua casa e a porta de entrada dava direto no seu quarto, depois vinha a cozinha, um pátio com um gramado, um poço e muitas plantas e só então é q lá no fundo ficava a sala. Sentamos em volta do poço, achei muito agradável o local, comentei q nem parecia sp, parecia mais uma cidade do interior, aquele lugar. Vi que ao lado tinha um cemitério, só eu enxergava esse cemitério, ela nunca o tinha visto. Achei melhor não comentar para não assustá-la . o cemitério tinha túmulos coloridos, bem bonitos, pensei q até era astral ser vizinha de um cemitério daqueles. Entrei na parte da frente da casa e vi que tinha um escritório subterrâneo onde tinha um homem sentado na frente do computador, como não fui apresentada, não cumprimentei. Ao lado, vi que tinha tbm uma pequena sala de televisão onde tinha um jovem militar sentado assistindo futebol.
fora da ordem / en_drigo

em uma subida, percebi que o carro falhava e necessitava reparos; pensei que fosse apenas a água, mas faltava gasolina, também.

quando finalmente cheguei no topo da rua, vi uma placa do posto Ipiranga, que se destacava, atrás dos telhados das casas. segui o caminho disponível - agora, uma descida - tentando encontrá-lo, em uma situação definitivamente tensa. tive que soltar o carro, à moda banguela, pois já estava sem nenhum combustível. eu não contava que o posto estivesse bem no meio de um parque, onde nenhum carro tinha acesso. praguejei, pensando em qual motivo, afinal, constroem um posto onde nenhum automóvel consegue chegar! tirei um pouco de dinheiro do bolso, notas amassadas e soltas, e por mais que eu tentasse organizá-lo, ordenando as carinhas, sempre aparecia uma nota no meio, fora da ordem.
O taxista e a mãe dele / EDW





Paramos na casa do taxista antes de seguir adiante. Era minha primeira corrida com ele. A mãe dele lavava roupa para fora e iria lavar a minha. Depois seguimos, o caminho era longo. Eu cheguei ao meu destino, fiz o que tinha que fazer e ele me esperou lá fora, não sei quanto tempo. No retorno, ele começou a dizer que queria ser meu amigo, que a gente devia sair junto e tal. Eu me fiz de desentendido, disse que, se precisasse, chamava ele de novo. Ele insistiu. Insistiu muito e até chorou. Depois fui encontrar a mãe dele na horta para acertar as contas. Ela disse que estava tudo pronto, a roupa e a comida. Eu não lembrava de ter pedido para ela cozinhar para mim, mas tudo bem. Ela apontou para um bosquezinho e disse que o caminho para a minha casa era por lá – pela “floresta”. Ela comentou que na floresta tem árvore, coelho, passarinho... Eu respondi: “se a Sra. fosse um psiquiatra, me perguntava se não é na floresta que vive o lobo”. Era uma piada, mas ela pareceu não entender.